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Se o comandante Nascimento lutava contra os traficantes dos morros cariocas no primeiro Tropa de Elite, agora o inimigo é outro – e de difícil identificação | Fotos: Divulgação
Se o comandante Nascimento lutava contra os traficantes dos morros cariocas no primeiro Tropa de Elite, agora o inimigo é outro – e de difícil identificação| Foto: Fotos: Divulgação

Sequência é mais complexa e melhor do que o primeiro filme

Na sequência inicial de Tropa de Elite 2, o capitão Nascimento (Wagner Moura) precisa conter uma rebelião em Bangu 1, liderada pelo personagem de Seu Jorge. Pede autorização ao governador para entrar matando, o que eliminaria boa parte dos bandidos de alta periculosidade do Rio de Janeiro. Mas é frustrado pelo professor Diogo Fraga (Irandhir Santos), um ativista de direitos humanos que chega ao presídio disposto a resolver pacificamente o conflito.

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São Paulo - Em Tropa de Elite 2 (confira trailer, fotos e horários das sessões), o capitão Nascimento, agora alçado a coronel, surge mais maduro. "Ele ainda é o mesmo, mas está mais velho e, por isso, mais consciente", diz o ator Wagner Moura, que o interpreta, em entrevista concedida à Gazeta do Povo na última quarta-feira, um dia após a pré-estreia do filme para jornalistas e convidados no Theatro Municipal de Paulínia, interior de São Paulo.

Se no primeiro filme da série dirigida por José Padilha (Ônibus 174), o comandante do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) lutava contra os traficantes nos morros cariocas, o inimigo agora é outro, como anuncia o subtítulo do filme, e de difícil identificação. É o que o capitão Nascimento chama, ao narrar o filme, de "sistema articulado de interesses escrotos", ou seja, uma grande teia de corrupção formada por policiais agrupados em milícias e políticos corruptos que alavancam suas candidaturas pela atuação delas nas comunidades.

"Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência", ironiza o letreiro que antecipa a ação deste filme inspirado em histórias e personagens reais, cujos exemplos nobres são Rodrigo Pimentel, ex-capitão do Bope que inspirou o personagem de Wagner Moura, e o político carioca Marcelo Freixo, presidente da CPI das milícias em 2008, que serviu de modelo para o ativista de direitos humanos interpretado pelo pernambucano Irandhir Santos (Quincas Berro D’Água). "O filme é colado à realidade, tenho muito pouca imaginação", diz José Padilha.

Os personagens de políticos, policiais e até mesmo o apresentador de um programa policial na televisão fez muita gente vestir a carapuça e se defender quando o filme ainda estava sendo rodado. "Fica ao critério do público decidir se os personagens são essas pessoas ou nenhuma delas", diz Padilha. O diretor não obteve autorização da Câmara dos Deputados, em Brasília, para filmar ali a sequência em que reproduz uma comissão de ética. "Das coisas ruins que o congresso faz, esta é a menos pior", diz. O ator Wagner Moura inquiriu o presidente da Câmara e atual candidato a vice-presidente da república, Michel Temer, e ele foi sucinto: "É a norma da casa".

Orçado em R$ 14,7 milhões e com 636 cópias distribuídas nos cinemas de todo o Brasil, o filme foi realizado em boa parte com recursos obtidos através de editais públicos. Mas Padilha não se constrange. "O financiamento público não é do estado, é do povo, então, me sinto financiado pelos milhões de brasileiros que compram produtos e geram lucros e impostos para o país", argumenta.

Rambo?

O protagonista retorna mais maduro e disposto a fazer revisionismos éticos. Mas, mesmo gostando mais da nova produção, Padilha não renega o primeiro filme. "Há o nosso personagem e há um ícone que se criou, que é o Rambo. Não nos deixamos levar por essa imagem, o nosso personagem sempre foi um cara angustiado, complexo, desde que o criamos no roteiro, só que agora ele vive uma situação nova, que o fará tomar consciência de outro mundo", explica.

"Neste segundo filme, o arco dramático é do Nascimento, ele percebe sua própria tragédia, para além daquela guerra nos morros. Torna-se, então, um personagem universal, representa muito mais gente neste filme do que no anterior", diz.

O diretor também não se preocupa em parecer panfletário ao lançar o filme no início do segundo turno da disputa presidencial. "Não foi algo pensado. Não estamos fazendo política partidária, pois, como diz o capitão Nas­­­cimento, ‘entra partido, sai partido, e a corrupção continua’. Fiz um filme para falar do Brasil. Agora, se ele fizer com que o Serra e a Dilma falem sobre segurança pública, vou ficar feliz", diz.

O filme é menos espetacular – e bem mais complexo – do que o primeiro ao tratar de um sistema que têm origens nas entranhas dos gabinetes políticos e nas delegacias de polícia. Mas, as negociatas são entrecortadas por cenas fortes de violência como a rebelião que define o destino do protagonista. "Fico orgulhoso desta sequência, que envolveu uma grande logística e foi feita com monitores de vigilância, ao vivo. O trabalho de Lula Carvalho (o diretor de fotografia) é inacreditável", elogia Padilha.

A jornalista viajou a convite da produção do filme

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