O pedigree dificilmente poderia ser melhor -- produzido por Steven Spielberg e o mestre da ficção científica J.J. Abrams.
Mas "Super 8" chega aos cinemas da América do Norte na sexta-feira mergulhado em tal sigilo que pode se tornar difícil atrair o público, em meio a sequências de filmes de sucesso e super-heróis famosos.
A trama se concentra em um grupo de crianças de uma pequena cidade do Estado de Ohio que passa o verão de 1979 fazendo um filme caseiro, usando o formato 8mm, popular na época. Elas testemunham um acidente de trem, que desencadeia uma série de desaparecimentos e eventos inexplicáveis.
Abrams, de 44 anos, escreveu o roteiro e dirigiu o filme, enquanto Spielberg o ajudou a dar forma à história. Mas sem nenhum astro e com um trailer que não mostra a criatura de ficção científica que está no âmago da trama, é um mistério o futuro da obra de 50 milhões de dólares.
Mas manter intacto esse elemento de mistério é exatamente o que Abrams queria, algo que desagradou aos executivos da Paramount Pictures.
"Uma das discussões que tivemos sobre como vender o filme é sobre o quanto contar. O que vamos mostrar?", disse Abrams à Reuters. "Há a sensação de 'bom, se eles não conhecem, então você tem de mostrar tudo para que compreendam antes de vê-lo'."
"Minha impressão é que se você mostra tudo, eles não vão querer ir ver. Por isso há internamente uma batalha", disse ele.
Abrams -- que revigorou "Jornada nas Estrelas " e "Missão Impossível" para a Paramount e foi co-criador de Lost, sucesso na TV -- parece ter tido a palavra final.
O website Deadline Hollywood definiu a campanha de marketing de "Super 8" como um "jogo ousado", uma vez que a estratégia normal dos estúdios de Hollywood é conseguir a maior audiência possível no fim de semana de lançamento dos filmes.
O Deadline Hollywood informou esta semana que o interesse dos espectadores pelo lançamento do filme perde em categorias-chave para "Lanterna Verde", da Warner Bros, e "Carros 2", da Disney/Pixar.
A Paramount, como costumam fazer os estúdios, está minimizando essas expectativas. O Hollywood Reporter disse na segunda-feira que o estúdio espera arrecadar de 25 a 30 milhões de dólares nos primeiros três dias em cartaz nos EUA e Canadá.
Na semana passada, "X-Men: Primeira Classe", da 20th Century Fox, arrecadou 56 milhões de dólares no lançamento e, em maio, "Piratas do Caribe: Navegando em Águas Misteriosas, da Disney, entrou em cartaz com mais de 90 milhões de dólares em vendas.
Spielberg
Abrams está compreensivelmente um pouco nervoso. "Estrear no verão (na América do Norte_ sem um astro, sem uma franquia, não sendo uma sequência ou um filme de comédia, é algo assustador", afirmou.
"Os estúdios vendem os 'Transformers - O Lado Oculto da Lua,' os 'Piratas do Caribe' e qualquer coisa que seja feita com base em algo pré-existente. Sei que certamente é mais fácil vender um filme como 'Guerra nas Estrelas' do que 'Super 8'", acrescentou.
As primeiras críticas foram fortemente positivas, com algumas observando que o filme relembra antigos sucessos de Spielberg, como "ET" e "Encontros Imediatos de Terceiro Grau".
Mas a revista New York disse que "Super 8" era uma homenagem a Spielberg produzida por ele mesmo.
Abrams, que conhece Spielberg há mais de 25 anos, declarou ter buscado dirigir um filme baseado na própria experiência de filmar quando criança e "que certamente tinha por objetivo ser original".
Mas ele admitiu ter sido profundamente influenciado pelos primeiros trabalhos de Spielberg.
"Havia um amor por parte daqueles garotos, o amor daquela era, certos elementos como crianças em bicicletas BMX em uma pequena cidade e outros elementos de vivências", afirmou.
Deixe sua opinião