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Conhecido pelos filmes que debatem a questão do negro e do racismo nos EUA, o diretor Spike Lee teve seu principal momento no cinema no fim da década de 80 e início dos anos 90, quando lançou produções que tiveram grande repercussão de público e crítica: Faça a Coisa Certa (1989) e Malcolm X (1992), que receberam indicações ao Oscar.

Depois desse período, o cineasta continuou com certo prestígio e realizando bons longas-metragens – Irmãos de Sangue (1994), Verão de Sam (1999), A Hora do Show (2000) –, feitos de forma independente (alguns até em vídeo digital) e lançados em poucas salas nos EUA (o mesmo acontecendo no Brasil). Dessa forma, um dos diretores mais representativos de uma geração não alcançava mais o grande público.

Aproximando-se dos 50 anos (que completa no ano que vem), Lee acabou se "rendendo" ao cinema um pouco mais comercial em A Última Hora (2002), primeiro trabalho que dirigiu em que não era também o roteirista. A fita contava com atores de peso no elenco – Edward Norton (Clube da Luta) e o hoje oscarizado Philip Seymour Hoffman (Capote) –, assim como seu mais novo filme, O Plano Perfeito, que chega hoje aos cinemas brasileiros ao mesmo tempo em que está sendo lançado na Europa e nos EUA. Trabalhando novamente com um roteiro que não escreveu – de autoria do novato Russel Gewirtz –, o diretor americano comanda um set de estrelas vencedoras ou indicadas ao Oscar: Denzel Washington, Jodie Foster, Clive Owen, Christopher Plummer e Willem Dafoe.

Uma das figuras centrais da história é Dalton Russel (Owen), que planeja um grande roubo a um banco de Nova Iorque – a capital do mundo sempre é palco dos filmes de Spike Lee. A primeira cena, com o personagem falando sozinho de dentro de uma cela fechada, já mostra que o filme será uma trama policial com vários mistérios a serem desvendados. O oponente do assaltante é o policial Keith Frazier (Washington), que espera há anos a chance de uma promoção. Ele é o encarregado de negociar com Russel, que invadiu a agência bancária de forma astuta com seu bando, fazendo diversos reféns.

O roteiro de Gerwitz surpreende por ser muito bem amarrado – algo raro nas produções recentes do gênero –, prendendo completamente a atenção do espectador nas mais de duas horas de duração do filme. Além do assalto, há tramas menores (mas importantes) acontecendo na história, envolvendo assuntos políticos e alguns segredos. Esses temas são relacionados a Madeliene White (Foster), uma misteriora negociadora contratada pelo dono do banco assaltado (Plummer). Ela tem a missão de falar diretamente com Russel, passando por cima da polícia, e resgatar um documento importante guardado no cofre da agência. Para realizar a tarefa, a poderosa mulher se utiliza de várias tramóias que envolvem até o prefeito da cidade.

Spike Lee tem uma direção segura e conta com um elenco muito à vontade em seus papéis. O cineasta deve continuar fazendo seus filmes independentes, mas suas investidas no cinema mais hollywoodiano serão sempre bem-vindas. Um talento como o seu não pode ser desperdiçado – o grande público só tem a ganhar com ele. GGGG

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