“Mona Lisa” revisitada

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"Mona Lisa", ou "La Gioconda", é uma pintura a óleo terminada perto de 1506 pelo arquiteto, engenheiro, cientista, escultor e pintor renascentista Leonardo da Vinci. O quadro mostra uma mulher de expressão sugestiva, levemente sorridente.

Não se sabe ao certo quem foi a modelo, ou mesmo, se existiu uma modelo – há quem diga que o quadro parte de uma auto-retrato de Leonardo. Por suas qualidades estéticas e técnicas (e outros motivos ainda discutidos entre especialistas) "Mona Lisa" tornou-se hoje um dos retratos mais celebrados e reproduzidos da história da arte. O sorriso continua sendo um mistério. Freud disse que é uma atração erótica subjacente de Leonardo por sua mãe.

Hoje é difícil achar uma maneira em que a pintura não tenha sido aproveitada. Virou personagem de cinema, de anúncios, estampas de guarda-chuvas e canecas de café.

Paradoxalmente, na medida em que a figura é reproduzida, o assédio sobre o original parece aumentar. No museu do Louvre, onde está exposta, "Mona Lisa" ainda é alvo de visitantes, e, mais recentemente, das milhares de máquinas fotográficas digitais embutidas em telefones celulares.

Foi esse fato o que intrigou o fotógrafo paranaense João Urban. Ao ver o assédio das câmeras pela pintura de Da Vinci, resolveu transformar o evento em metaliguagem. Fotografou não apenas a pintura, mas as pessoas que procuravam capturá-la. "A imagem con(sagrada) da Gioconda, impassível, repete-se e perdura diante de milhares de olhares, na profusão do espetáculo da tecnologia diante do silêncio enigmático da obra", escreve a crítica Jussara Salazar sobre a seqüência de fotografias "La Gioconda e Yo". A obra integra a exposição Déjà Vu – Exteriores, que João Uraban inaugura hoje, às 20 horas, na Casa do Barão Bistrô e Arte, em Curitiba.

"O mote é a série que fiz no Louvre, com a pintura ‘La Gioconda’, estabelecendo um diálogo nessa tendência da nova fotografia digital popular e os novos parâmetros abertos por ela", conta Urban. A mostra também apanha imagens inéditas e outras já conhecidas do fotógrafo, realizadas ao longo de 30 anos de carreira. "É uma coletânea de fotos de exteriores, do exterior, de Havana, de Nova Iorque e de algumas cidades da Polônia", afirma. A seleção inclui também temas menos conhecidos do fotógrafo, como a tradição dos tropeiros, o sincretismo religioso de Aparecida do Norte e uma série de crônicas do cotidiano registradas em viagens. "Essas fotografias estabelecem um diálogo entre as viagens, em uma espécie de reflexão bastante lúdica", diz Urban.

No evento ainda será lançado o livro João Urban – Coleção Senac de Fotografia (Volume 8). De autoria de Simoneta Perssichetti e Tales Trigo, a publicação oferece um apanhado da carreira do fotógrafo, incluindo uma entrevista retrospectiva e cerca de 40 imagens.

Serviço: Déjà Vu – Exteriores, exposição de fotografias de João Urban. Casa do Barão Bistrô e Arte (R. Barão do Rio Branco, 763), (41) 3232-0203. Abertura hoje, às 20 horas. De segunda a sábado, das 11h45 às 2 horas da manhã. Até 17 de dezembro.