Com menos fantasias, mas ainda em pleno ritmo de Carnaval, uma multidão lotou o centro do Rio, na manhã deste domingo (22), para acompanhar o tradicional desfile do Monobloco, que encerra as festividades do Rei Momo na cidade. Segundo a Riotur, empresa de turismo do município, cerca de 500 mil foliões estavam presentes.
Por causa das obras na avenida Rio Branco, onde o Monobloco desfilou nos últimos seis anos, o cortejo saiu pela primeira vez na avenida Presidente Vargas. Tirando o sol, que aqui bate mais forte, é um cenário incrível, pois este local também já foi palco para as escolas de samba do Rio. Tem história", comentou Pedro Luís, um dos cinco vocalistas do bloco.
Neste ano, além de celebrar os 450 anos do Rio de Janeiro, o Monobloco fez homenagens aos 50 anos de carreira da sambista Beth Carvalho e ao tradicional bloco carnavalesco Cacique de Ramos.
Hoje estamos debutando e comemorando 15 carnavais, e nada mais justo do que fazer uma homenagem à Beth Carvalho, que sempre ajudou a lançar diversos nomes da música brasileira, e ao Cacique de Ramos, que tem uma tradição linda de 54 anos dentro carnaval, afirmou Pedro Luís.
Durante todo o percurso do bloco, de cerca de 650 metros, integrantes da Ala Guerreiros do Cacique de Ramos desfilaram à frente da bateria com os tradicionais trajes indígenas. Não tenho palavras para manifestar o carinho do público com esse desfile unido, entre Monobloco e Cacique, ressaltou Luiz Carlos Lima, o Boneco de Ramos, um dos integrantes da ala.
A música, que durou cerca de 3h30, foi interrompida por três vezes durante o desfile por causa de princípios de briga e furtos. Olha o Bonde do Roubo aí! Estamos de olho em vocês, vão procurar a turma de vocês. Aqui não é sua área, criticaram os vocalistas do Monobloco no microfone.
Entre os foliões que foram à av. Presidente Vargas pensando somente em se divertir, chamava atenção o comerciante de Cruzilia (MG) Belmiro de Souza, 55. Vestido com a camisa da Beija-Flor, escola de samba campeã do Grupo Especial do Rio, ele carregava uma placa que informava: faltam 351 dias para o Carnaval 2016.
Há 40 anos que eu conto os dias para a chegada da festa. Só no Rio, já são 15 carnavais seguidos que eu venho somente após a Quarta-Feira de Cinzas para ver o desfile das campeãs no Sambódromo e, depois, ver o Monobloco. Está demorando muito para chegar o Carnaval 2016, disse, sorridente.
Fantasiado com um chuveiro na cabeça e envolto em uma cortina de plástico, o contador Cássio da Fonseca, 24, brincava com a questão da crise hídrica, ao mesmo tempo que tentava atrair alguma companheira. Mulheres, economizem água, tomem banho a dois!, estava escrito em sua placa. Essa multidão mostra que nós brasileiros nunca estamos satisfeitos com pouca diversão, queremos sempre mais, observou.
Ainda durante a concentração do Monobloco, por volta das 8h30, a ambulante Elizabete Muros, 42, comemorava o fato de o carnaval ir além dos quatro dias oficiais. Acho ótimo. Por mim, poderia prolongar por muito mais tempo, pois eu me divirto e ainda ganho um dinheiro extra, ressaltou ela, que não tem emprego formal durante o resto do ano. Agora que vai acabar o Carnaval, preciso procurar outra coisa para fazer.
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