O artista plástico Érico da Silva, morto anteontem, vítima de ataque cardíaco fulminante, deixa como legado sua influência determinante na instauração da arte abstracionista no Paraná. Também foi um autor muito apreciado pelos colecionadores e pelo público, principalmente graças à arte figurativa que pontuou sua obra tardia. "Não havia família que não quisesse um trabalho do Érico", define a galerista e crítico de arte Ênnio Marques Ferreira.

CARREGANDO :)

Nascido no dia 27 de março de 1932, em Itajaí, Santa Catarina, Érico da Silva mudou-se para Curitiba em 1949. "Ele manifestou interesse pela vida de circo e juntou-se a um grupo que percorreu muitas regiões. Ele não trabalhava como artista de circo, mas como cartazista", conta a viúva, Janete de Oliveira Silva. Conheceria Curitiba na sua itinerância e se fixaria na cidade.

"É um artista de formação própria. Nunca passou por escolas de arte, trabalhou no circo, nas vitrinas, até se revelar um artista abstrato", relembra Ênnio Marques Ferreira, fundador da famosa Galeria Cocaco, que em 1965 recebeu uma mostra individual de Érico. Na capital paranaense, o artista também se envolveu com o Círculo de Artes Plásticas, uma espécie de ateliê aberto que revelou nomes fundamentais da vanguarda paranaense dos anos 60, como Helena Wong, Antonio Arney e Jorge Carlos Sade, entre outros. Reconhecimento

Publicidade

Em 1961 participou do Salão para Novos Talentos da Secretaria de Cultura, obtendo o 1.º Prêmio em Pintura e o Prêmio Especial em Desenho. Participaria, ainda, do Salão da Primavera, Salão Paulista de Arte Moderna e Salão de Campinas, entre inúmeras exposições realizadas em galerias no Brasil e no exterior (Estados Unidos, Alemanha, Portugual, Espanha, França Suíça e Bélgica).

Para a historiadora da arte Maria Cecília Noronha, Érico da Silva exerceu influência enorme no surgimento do abstracionismo no Paraná, ao lado de artistas como Antônio Brizinski e Fernando Calderari. "Eles trouxeram o abstracionismo na medida em que provocaram uma ruptura com a arte paranaense conservadora. Depois, Érico da Silva enveredou para uma arte mais realista, que se destaca por procissões e outros temas religiosos. Foi nessa fase mais figurativa e acessível que ele tornou-se muito procurado pelos colecionadores", explica a crítica.

Em Curitiba, obras de Érico da Silva podem ser encontradas nos acervos do Museu de Arte Contemporânea e do Museu Oscar Niemeyer.