Rodrigues começou a carreira com projeção do Centro Cívico, marco da arquitetura moderna| Foto: Divulgação

Um dos principais responsáveis por tornar o design brasileiro conhecido internacionalmente, o arquiteto e designer carioca Sergio Rodrigues morreu na manhã de ontem, em seu apartamento em Botafogo, na zona sul do Rio de Janeiro, onde morava com a mulher, Vera Beatriz. Ele tinha 86 anos, e a causa da morte ainda não foi confirmada. Nascido em 1927, Sergio era neto do jornalista Mário Rodrigues, criador do jornal A Crítica, sobrinho do dramaturgo Nelson Rodrigues e do jornalista Mario Filho, e filho do artista plástico e ilustrador Roberto Rodrigues, assassinado na redação do periódico com um tiro que era para o pai de Roberto, avô de Sergio.

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Rodrigues começou sua carreira como arquiteto, quando participou do projeto do Centro Cívico de Curitiba, obra que foi um dos principais marcos da arquitetura moderna brasileira. Trabalhou ao lado de David Azambuja, Flávio Regis do Nascimento e Olavo Redig de Campos.

Ele acreditava que a arquitetura deveria contemplar também o planejamento do espaço interno, e assim passou da arquitetura para o design. Sua criação mais célebre foi a poltrona Mole (1957), considerada um clássico do design brasileiro, premiada na Bienal de Cantu, na Itália, em 1961, e parte da coleção permanente do Museu de Arte Moderna (MoMA), em Nova York.

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Regional

"Eu diria que a minha procura era por matérias que caracterizam a brasilidade. As madeiras nobres, a palhinha, que vem da Índia, mas que depois passa pela Europa. Acho que ficou alguma coisa característica", disse o designer em entrevista à revista Serafina, em 2008. A Mole, por exemplo, segundo Odilon Coutinho, tem muito de brasileiro. "Não só a estrutura, não só o almofadão, não só as correias, como se fossem uns catres. Mas também algo como que vindo da senzala, a luxúria, pela maneira que o pessoal se jogava, a informalidade. Antes da Mole não tinha nada assim no Brasil."

O arquiteto Lúcio Costa via nos móveis do arquiteto um resgate do espírito da mobília tradicional e influências indígenas. "Suas cadeiras romperam com o sentar bem-comportado, e anteciparam as demandas pela informalidade dos interiores dos jovens de classe média intelectualizada nos anos 1980, quando os almofadões se espalhavam pelo chão", escreveu a crítica de design Adélia Borges em livro sobre o arquiteto. O corpo de Rodrigues será velado amanhã, das 9 horas às 14 horas, no Memorial do Carmo, região central do Rio.