Algumas frases de Millôr:
"A verdadeira amizade é aquela que nos permite falar, ao amigo, de todos os seus defeitos e de todas as nossas qualidades".
"As pessoas que falam muito, mentem sempre, porque acabam esgotando seu estoque de verdades".
"Como são admiráveis as pessoas que nós não conhecemos bem".
"Viver é desenhar sem borracha".
"Democracia é quando eu mando em você, ditadura é quando você manda em mim".
"Só louco rasga dinheiro? Bobagem. Nem louco rasga dinheiro. Experimente jogar uma nota de cinqüenta reais (ou mesmo de um!) num pátio de insanos. A briga vai ser feia".
"Um recém-nascido é a prova de que a natureza ainda não desistiu do ser humano. Já os pró-aborto. Já os pró- eutanásia".
"Dizendo que no ano 2000 todo mundo ia ter 15 minutos de fama, Andy Warhol conseguiu fama permanente".
"Claro, sabemos muito bem que VOCÊ, aí de cima, não tem mais como evitar o nascimento e a morte. Mas não pode, pelo menos, melhorar um pouco o intervalo?"
"De todas as taras sexuais, não existe nenhuma mais estranha do que a abstinência".
"O aumento da canalhice é o resultado da má distribuição de renda".
"Nunca tantos deveram tanto a tão pôrcos".
"Deixa, eu explico: decisões tomadas por falta da memória coletiva, elaboradas no ventre dos conchavos, paridas na hora do oportunismo".
"Bhundismo da semana: Menina, a caridade é mais importante do que a castidade. Dê para um desempregado".
"Fiquem tranqüilos os poderosos que têm medo de nós: nenhum humorista atira pra matar".
O escritor carioca Millôr Fernandes morreu aos 88 anos, às 21h de terça-feira (27), em casa, em Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro.
Em 2011, o escritor chegou a ser internado duas vezes na Casa de Saúde São José, no Humaitá, Zona Sul. O motivo da morte foi falência múltipla dos órgãos e parada cardíaca.
» Veja algumas das divertidas e críticas charges de Millôr
» Para você, qual a frase mais marcante, o desenho mais criativo de Millôr?
» Leia a história de Chapeuzinho Vermelho, segundo Millôr
Biografia
Milton Fernandes nasceu no Rio de Janeiro em 27 de maio de 1924, mas devido à grafia ruim de seu nome na certidão de nascimento ele descobriu apenas na adolescência que havia sido registrado como Millôr. Também há "desacordos na família" sobre a data de seu nascimento, segundo a sua biografia. Alguns alegavam que nasceu em 16 de agosto, ao contrário de 27 de maio, como está em sua carteira de identidade. Ele ingressou em 1938 na carreira jornalística trabalhando como repaginador na revista "O Cruzeiro", onde colaborou por muitos anos. Aos 16 anos passou pela revista "Cigarra" e usou o pseudônimo Vão Gôgo. Em 1955, conquistou o 1º lugar no concurso da Exposição Internacional do Museu da Caricatura de Buenos Aires, na Argentina, junto ao desenhista norte-americano Saul Steinberg.
Escritor, jornalista, desenhista, dramaturgo e artista autodidata, Millôr começou a colaborar com a revista "O Cruzeiro" aos 14 anos, conciliando as tarefas de tradutor, jornalista e autor de teatro. No final dos anos 1960, tornou-se um dos fundadores do jornal "O Pasquim", reconhecido por seu papel de oposição ao regime militar. Escreveu nos anos seguintes diversos tipos de peças e se tornou o principal tradutor das obras de William Shakespeare no país.
Como roteirista, escreveu mais de uma dezena de texto, dentre eles o longa "Terra estrangeira", e "Memórias de um sargento de milícias", adaptação da obra de José Manuel de Macedo produzida pela Rede Globo de Televisão. Também roterizou espetáculos musicais, como o musical "Liberdade liberdade", escrito em parceria com Flávio Rangel, e "Do fundo do azul do mundo", ao lado de Elizeth Cardoso e do Zimbo Trio. Recebeu uma homenagem durante o carnaval carioca de 1983, quando foi samba-enredo da Escola de Samba Acadêmicos do Sossego, de Niterói (RJ). Millôr, inclusive, compareceu ao desfile. Dentre os veículos de imprensa, colaborou ainda com artigos e crônicas nos jornais "O Correio Brasiliense", "Jornal do Brasil", "O Estado de São Paulo", "O Diário Popular", "Correio da Manhã", "O Dia", "Folha da Manhã" e "Diário da Noite". Para internet, criou o site "Millôr Online", sobre o qual diria posteriormente: "Se eu soubesse o que atrai tanta gente, nunca mais faria de novo".
E, como bom roteirista, ainda escreveria sobre a própria vida: "Meu destino não passa pelo poder, pela religião, por qualquer dessas entidades idiotas. Meu script é original, fui eu quem fez. Por isso não morro no fim".
Atualmente ele mantinha um site pessoal em que escrevia textos de humor e cartuns, além de reunir seus trabalhos dos últimos 50 anos. Seu perfil no Twitter já contava com mais de 285 mil seguidores.
Velório
O velório está marcado para esta quinta-feira (29), das 10h às 15h, no Cemitério Memorial do Carmo, no Caju, na Zona Portuária do Rio. Em seguida, o corpo será cremado numa cerimônia só para a família.