O filósofo e sociólogo francês Jean Baudrillard, feroz crítico da sociedade de consumo e um dos teóricos da pós-modernidade, morreu esta terça-feira em Paris aos 77 anos de idade.

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O nome de Baudrillard esteve muito tempo na ponta da língua dos fãs de "Matrix". O ensaio do filósofo sobre como os meios de comunicação de massa produzem a realidade virtual inspirou os diretores da trilogia. Além disso, o personagem hacker Neo (Keanu Reeves), guardava seus programas de paraísos artificiais no fundo falso do livro "Simulacros e simulação", de Baudrillard. Reeves também fazia questão de citar o autor em suas entrevistas. Não à toa, Baudrillard foi chamado de pai de "Matrix".

Exageros à parte, o filósofo dizia ter assistido ao filme dos irmãos Wachowski mas não gostado. "Matrix' faz uma leitura ingênua da relação entre ilusão e realidade. Os diretores se basearam em meu livro mas não o entenderam", disse Baudrillard certa vez.

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Sempre que o perguntavam sobre sua visão de "Matrix", Baudrillard gostava de citar filmes melhores sobre o mesmo tema. Dois deles eram "Truman Show", com Jim Carrey, e "Cidade dos sonhos", de David Lynch. "Não deixam o real de um lado e o virtual de outro, como 'Matrix'. Esse é o problema", alfinetava. Em entrevista à revista "Época", quando esteve no Brasil, em 2003, o autor disse não ter "nada a ver com um filme de kung fu".

Baudrillard, um dos fundadores da revista "Utopie", publicou 50 obras, entre elas "A sociedade de consumo" (1970), "Simulacros e simulação" (1981), "A guerra do Golfo não aconteceu" (1991) e "América" (1997).

Após os atentados de 11 de Setembro ele escreveu "Réquiem pelas Twin Towers" (2002), ano em que publicou também "O espírito do terrorismo".

Germanista de formação e tradutor de Bertolt Brecht, Baudrillard rejeitou o pensamento científico tradicional e baseou sua filosofia no conceito de virtualidade do mundo aparente. Foi também um crítico radical dos meios de comunicação.