Morreu na madrugada desta segunda-feira (25), aos 88 anos, o produtor musical Fernando Faro, conhecido nome por trás do programa “Ensaio”, da TV Cultura.
Faro estava internado no hospital Oswaldo Cruz, em São Paulo, desde o dia 26 de janeiro. A unidade não divulgou a causa da morte.
Sua carreira na TV começou na década de 1960, produzindo programas musicais e shows de artistas como Caetano Veloso, Chico Buarque, Gal Costa, Ney Matogrosso e Dorival Caymmi.
Com registros intimistas dos principais nomes da música brasileira, o programa “Ensaio” surgiu na TV Tupi, em 1969. Pouco depois, o produtor migrou para a Cultura, onde ganhou o nome de “MPB Especial”, com formato parecido.
A atração retomou o nome original após o fim da Tupi, em 1980, e se tornou um importante espaço musical na TV, com entrevistas de renomados artistas.
Fernando Faro deixa três filhos, Maria Luiza, Maria Fernanda e Lucas, e duas netas. O velório do produtor será realizado nesta segunda, no Cemitério do Araçá, em São Paulo.
Trajetória
Conhecido como Baixo, o sergipano Fernando Abílio de Faro Santos nasceu em Aracaju, em 21 de junho de 1927. Estudou Direito na Universidade de São Paulo (USP), até o terceiro ano de curso. Enquanto isso, trabalhava como jornalista nas publicações “A Noite” e no “Jornal de São Paulo”. Também passou pela Rádio Cultura e TV Paulista, onde começou a dirigir programas e também a escrever teleteatros, antes de chegar à Tupi.
Na extinta emissora, na década de 60, Faro começou a fazer musicais, como o “Hora da Bossa”, ao vivo, aos domingos. De lá para cá, não parou mais. Seguiu o rumo como produtor de shows, que ficaram famosos pela importância em momentos emblemáticos do país. Participou também da idealização do “Divino, Maravilhoso”, um marco do movimento tropicalista.
É dessa época o apelido Baixo, que recebeu do amigo Cassiano Gabus Mendes (1929-1993), enquanto estava na emissora. O nome virou uma marca, e foi dado à sua biografia, lançada em 2007 pela Fundação Padre Anchieta.
Com a criação do programa Ensaio, em 1969, Faro criou uma nova linguagem para os musicais, de estética inconfundível. Sua marca é assentada em enquadramentos em closes e foco no entrevistado. À meia luz, em voz baixa, muitas vezes inaudível, ele fazia as perguntas sem se mostrar, deixando o convidado e o silêncio preencherem a tela.
Apenas na TV Cultura, em 26 anos no ar, foram mais de 700 artistas entrevistados.
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