Após longa e polêmica trajetória, morreu na manhã desta quinta-feira (5), em Paris, após uma intervenção cirúrgica, o cartunista Maurice Sinet, mais conhecido como Siné, do jornal satírico francês “Charlie Hebdo”. Ele tinha 87 anos e lutava contra o câncer há vários anos. O anúncio foi feito na página oficial da “Siné Mensuel”, uma revista criada por ele após sua demissão em 2008.
De acordo com o jornal francês “Le Monde”, Siné comprou sua sepultura no tradicional cemitério de Montmartre há algum tempo. Ele também adquiriu uma peça de bronze no formato de um cacto com um gesto obsceno do dedo do meio, sua marca. No epitáfio: “Morrer? Melhor sofrer”. Pensando em sua morte, Siné escolheu um vinho especial do tipo “beaujolais”para ser servido em seu funeral e também deixou um CD para ser tocado durante o sepultamento. Na seleção, músicas de Nina Simone, Ray Charles, Otis Redding, Dizzy Gillespie, Count Basie e Billie Holiday.
Figura histórica
Sua biografia é cercada de controvérsias. Começou a estudar desenho aos 14 anos e logo passou a publicar suas criações em veículos de imprensa. Chegou a ser cantor em um grupo de cabaré e lançou publicações próprias, como o “Siné Massacre” e “L’Enragé”. Como ilustrador, trabalhou no jornal “France Dimanche” e na revista “L’Express”. Sua criatividade resultou, em 1955, no Grande Prêmio de Humor da França.
Siné iniciou a carreira no “Charlie Hebdo” em 1981, tornando-se um dos principais cartunistas da revista francesa, assinando a seção “Siné Sème sa Zone”. No entanto, em julho de 2008, ele publicou uma crônica sobre Jean Sarkozy, um dos filhos do então presidente francês, Nicolas Sarkozy, dizendo que o rapaz iria longe caso se convertesse ao judaísmo. O comentário foi considerado preconceituoso, o que provocou uma onda de críticas por antissemitismo em todo o país.
Na ocasião, o diretor Philippe Val o demitiu oficialmente para evitar um processo, provocando grande polêmica na imprensa francesa. No terreno judicial, a questão terminou a favor de Siné, que foi absolvido da acusação de incitação ao ódio racial. Ele ainda recebeu uma indenização do “Charlie Hebdo” por demissão abusiva.
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