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Morreu o advogado, jornalista, escritor, ensaísta, poeta historiador e filósofo Valfrido Pilotto. Com 103 anos de idade, Pilotto morreu, nesta sexta-feira, em Matinhos, no litoral paranaense, onde morava com a família. Ele foi velado e o sepultamento foi neste sábado, às 10 horas, no Cemitério Municipal. Pilotto deixa a filha Maria Lúcia Pilotto Rodrigues, de 70 anos.

"Um dos grandes escritores que o Paraná teve. Era afável, jovial. É uma perda irrecuperável para o Paraná", declara o presidente da Academia Paranaense de Letras, Túlio Vargas. "Vou lembrar dele como grande estudioso do Paraná", afirma o único irmão vivo, Luís Pilotto, de 84 anos. "A imagem que tenho dele é de um eterno apaixonado pelo Paraná, pela literatura, pela história, um intelecutal", diz o sobrinho Cláudio Pilotto, de 55 anos.

Vida

Pilotto nasceu em 23 de abril de 1903, em Dorizon, Região Centro-Sul do Paraná. Teve uma longa carreira como advogado e ocupou funções importantes na área. Foi delegado de polícia e secretário interino dos Negócios da Segurança Pública. Em 1930, ganhou notoriedade, como tribuno da Revolução Liberal em Curitiba.

Publicou sua primeira obra em 1935, sob o título de "Humilde". Depois, não parou mais. Editou em média um livro por ano, deixando a herança de mais de 50 obras publicadas. Obteve grande repercussão como colaborador da Gazeta do Povo por meio de suas crônicas e contos. Exerceu, além disso, a presidência do Centro de Letras e da Academia Paranaense de Letras, insituição que foi fundada por ele e onde ocupava a cadeira número um. Era polígrafo, ou seja, escreveu sobre os mais diversos assuntos: filosofia, política, história, literatura, entre outros. Mais tarde, assumiu uma postura mais espiritualista.

Nos anos 30, quando delegado, Valfrido mostrou-se preocupado com as prisões arbitrárias contra judeus e líderes sindicais que vinham ocorrendo sob a tolerância do então chefe de polícia, José Mehry, antigo colega de faculdade. Como Valfrido não desejava denunciar o fato diretamente, usou de um estratagema. Pediu ao jornalista Caio Machado, editor de "O Dia", que o criticasse como responsável pelas arbitrariedades cometidas. Valfrido assumiu uma culpa que não era sua, mas com o objetivo maior de fazer com que o interventor, Manuel Ribas, determinasse a libertação dos presos imediatamente.

Em abril de 1964, Valfrido também foi responsável por evitar que 56 pessoas do Norte do estado presas injustamente ficassem na Penitenciária do Ahu.

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