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Pintura em que o francês Arnaud Julien Pallière fez um panorama da cidade de São Paulo: raridade do período que antecedeu ao surgimento da fotografia | João L. Musa/Divulgação
Pintura em que o francês Arnaud Julien Pallière fez um panorama da cidade de São Paulo: raridade do período que antecedeu ao surgimento da fotografia| Foto: João L. Musa/Divulgação

Curiosidade

Saiba como começou o acervo Brasiliana Itaú, formado pelo empresário Olavo Setubal desde a década de 1970:

Primeira peça

Há 40 anos, em 1971, o Banco Itaú adquiriu a primeira peça do grande acervo que hoje tem mais de 2 mil itens e 5 mil imagens. Foi um quadro de autoria de Frans Post, primeiro pintor da paisagem brasileira. A obra pertencia a um colecionador paulistano e, na época, a compra foi aprovada por Olavo Setubal, um dos maiores acionistas e presidente do conselho do Itaú. Naquele momento, não havia a intenção de formar uma coleção.

Expansão

Foi no início da década de 1990 que o banco começou a ir atrás de oportunidades para adquirir não somente obras de arte, mas também documentos, livros e objetos. Tudo passa a ser catalogado. Nos últimos anos, as compras foram ainda maiores. A Brasiliana Itaú conta também com um exemplar do Atlas de Blaeu, com mapas fundamentais para o Brasil, coloridos à mão. Setubal, maior incentivador da formação do acervo, morreu em 2008.

Espaço Próprio

A Brasiliana Itaú estreou em 2010, na Pinacoteca de São Paulo. Desde então, passou por cinco capitais (Curitiba é a sexta a receber a exposição). Até o ano que vem, a coleção será levada para um espaço criado dentro do Itaú Cultural. A intenção é que a exposição fique aberta ao público permanentemente. (IR)

  • O quadro de Debret que mostra o casamento de Dom Pedro I com D. Amélia é uma das obras imperdíveis da exposição
  • O alemão Johann Rugendas, autor da Siesta acima: pioneiro do Brasil colônia
  • Última parte da exposição reúne importantes obras literárias do Brasil

Diz o anúncio em um jornal de 15 de março de 1870: "Escravos fugiram da fazenda do proprietário abaixo assinado". Em meio aos documentos do período da escravidão, é possível encontrar coisas pitorescas, como o tratamento dentário de um desses trabalhadores cativos. Essas são apenas duas amostras curiosas – e bem pequenas – da exposição Brasiliana Itaú, que será inaugurada em Curitiba na próxima terça-feira, no Museu Oscar Niemeyer. A exposição traz ao público mais de 300 itens entre desenhos, aquarelas, mapas, livros, documentos e pinturas, todos ligados à história do país. O retrato do casamento de Dom Pedro I com D. Amélia, de Jean Baptiste Debret, é uma das raridades que o público poderá conferir no local.

Dentro do acervo completo da Brasiliana, que tem mais de 2 mil objetos e 5 mil imagens (veja quadro), há também fotografias e pertences de Santos Dumont – alguns dos quais integram a mostra que chega a Curitiba. Uma luneta e um binóculo do aeronauta e inventor causaram comoção nos montadores. Eles iniciaram o trabalho no MON uma semana antes da abertura da exposição, que ocupará duas salas de 500 metros quadrados. Só para fazer os laudos técnicos, foram quatro dias de trabalho: cada livro e documento é avaliado para detecção de possíveis danos.

Tanto o acervo da coleção como o recorte trazido a Curitiba ajudam a entender aspectos relevantes da história do Brasil, uma vez que trazem materiais que datam desde o século 16 ao século 20. É por conta desse longo período que o curador Pedro Corrêa do Lago achou melhor dividir a exposição em sete temas – da cartografia antiga e colonial a literatura e documentação, passando pelo período do "Brasil holandês", na Região Nordeste do país. Exemplares de importantes escritores brasileiros, alguns autografados, como O Óbvio Ululante (1968), de Nelson Rodrigues, com dedicatória para o editor Sebastião Lacerda, estarão na mostra. As primeiras edições de obras clássicas de autores que escreveram sobre a identidade brasileira, como Gilberto Freyre, também fazem parte da seleção. "É um retrato simbólico do Brasil", diz Corrêa.

O curador destaca outro quadro imperdível da exposição: Vista da Cidade de São Paulo, de Arnaud Julien Pallière, pintado em 1821. "É uma peça fundamental, pois coloca a cidade em destaque em uma época em que os artistas tinham quase que somente o Rio de Janeiro como referência. É o único quadro a óleo que mostra São Paulo antes da invenção da fotografia".

Itinerância

Brasiliana Itaú estreou no ano passado, na Pinacoteca de São Paulo e esteve no Museu Nacional de Belas Artes (Rio de Janeiro), Fundação Clóvis Salgado (Belo Horizonte), Fortaleza (Espaço Cultura da Universidade de Fortaleza) e no Museu Nacional, em Brasília, onde, apenas no primeiro mês, recebeu cerca de 500 mil visitantes. "Dez por cento do que apresentamos já daria uma exposição interessante. São dez em uma", brinca o curador.

Essa é a primeira mostra ligada ao banco Itaú que vai para o MON. Atritos com o ex-governador Roberto Requião fizeram com que Curitiba ficassem fora do roteiro de outras mostras bancadas pela instituição, que havia comprado o antigo Banestado na gestão Jaime Lerner. Uma das mostras que Curitiba deixou de receber foi Ocupação Leminski: Vinte Anos em Outras Esferas, em 2009, quando a morte do poeta Paulo Leminski completava 20 anos.

Serviço:Exposição Brasiliana Itaú. Museu Oscar Niemeyer (R. Marechal Hermes, 999), (41) 3350-4400. Inauguração na terça-feira, às 19h30, para convidados; abertura ao público na quarta-feira. De 3ª a dom., das 10h às 18h. R$ 4 e R$ 2. Até 29 de janeiro de 2012.

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