Rubem Braga: público pode fazer um mergulho no universo do cronista| Foto: Sérgio Tomisaki/Folhapress

Como dizia Vinicius de Moraes, Cachoeiro do Itape­mirim, no interior do Espírito Santo, é a capital secreta do mundo. O poetinha se referia aos grandes nomes da cultura nacional que de lá saíram: Roberto Carlos, Jesse Valadão, Luz del Fuego – e ao seu amigo, Rubem Braga, um dos nativos mais famosos daquela cidade. Agora, o público pode fazer um mergulho no universo do cronista cachoeirense, na exposição Rubem Braga — O Fazendeiro do Ar, aberta ontem no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo.

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A exposição, que chega à capital paulista depois de sua passagem por Vitória (ES), fica em São Paulo até o dia 2 de setembro. A mostra faz parte das comemorações do centenário do escritor, nascido em 12 de janeiro de 1913, e é dividida em cinco seções: redação, retratos, guerra, passarinhos e cobertura.

A primeira sala, "Redação", remete ao período de Rubem Braga como jornalista – ele começou a trabalhar com 15 anos, ainda em Cachoeiro. Na sala, toda coberta de jornais da época, estão dez mesas com máquinas de escrever, às quais foram acoplados tablets. Cada uma traz um tema: a vida de Rubem Braga como diplomata, o trabalho no Jornal Hoje, da TV Globo, entre outros.

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A faceta de Braga como editor, quando foi dono, nos anos 1960, da editora Sabiá, também está registrada em fotos e documentos. Ao teclar nas máquinas de escrever, os tablets mostram crônicas sendo digitadas, vídeos e depoimentos. Nas gavetas, estão crônicas que o visitante pode levar para casa.

Na seção "Guerra", a experiência de Rubem Braga como correspondente, pelo jornal Diário de Notícias, na Segunda Guerra Mundial. Nesta parte da exposição, há vários telefones nas mesas. Ao tirá-los do gancho, o público pode ouvir notícias da época.

Ipanema

A famosa cobertura do cronista em Ipanema, onde ele costumava reunir intelectuais para um uísque e um papo, também ganhou homenagem na exposição do Museu da Língua Portuguesa. Nesta seção, estão retratos de Braga feitos por pintores como Cândido Portinari, além de depoimentos de amigos do escritor, como Zuenir Ventura e Ana Maria Machado, feitos especialmente para a exposição. As paredes são cobertas por uma foto panorâmica da vista da cobertura, cujo jardim foi projetado por Burle Marx.

A seção "Passarinhos", uma lembrança do amor que Rubem Braga tinha pelas aves, traz a parte da mostra que mais encantou o público no Espírito Santo: a instalação "O Conde e o Passarinho", mesmo título de uma crônica do autor. Nela, pássaros voando são projetados em uma parede. Quando o visitante se aproxima, sua sombra é projetada na parede – e os passarinhos "pousam" na suas mãos e ombros.

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No fim da mostra, está uma sala com caixas cheias de imagens do escritor e textos escritos sobre sua cidade natal.