Com a apresentação do grupo carioca Matanza, a edição 2007 do Demo Sul terminou no último domingo (18). Os shows dos três dias encerraram uma semana de apresentações de música independente, incluindo a apresentação de bandas que vieram do Acre, Pernambuco e Goiânia, além de bandas locais.Um dos pontos altos da programação foi a exposição de parte do acervo Arquivo Brasileiro do Rock, que é mantido pelo jornalista e pesquisador Ayrton Mugnaini Júnior. Fotos e souvenires chamaram a atenção para o lado histórico da música. Também ocorreram debates e um circuito de vídeos e filmes sobre o tema.
Mas foram os shows a parte mais evidente do festival. A organização se auto-intitula "o maior festival de rock independente do Brasil" e trouxe novamente uma maratona de bandas. Vinte e seis ao todo (houve uma desistência de última hora). A quantidade trouxe muitos intervalos entre os grupos e, como conseqüência, atrasos que jogaram os headliners para a madrugada, quando o público já estava combalido pelo cansaço.
O mais prejudicado foi o guitarrista Edgard Scandurra. Mesmo trazendo novidades com o projeto Benzina, uma banda excelente formada por mulheres, e tocando muito, Scandurra não conseguiu empolgar. Ludov também bateu na trave, em parte por apostar no disco novo e, com exceção de "Princesa", não tocar o famoso EP "Dois a rodar" que colocou a banda no mapa.
O Demo Sul também é uma demonstração que Londrina possui muita gente fazendo música (quase metade da programação era local), mas a cena ainda está em estágio embrionário. Os grupos sofrem pela falta de locais para tocar, que resulta em pouca experiência para chamar a atenção do público.
Exceção para os extraterrestres pés-vermelhos do "Trilöbit", que foram o destaque em dia de Vanguart e Edgard Scandurra. A banda circula entre os festivais do país e já ganhou destaque na mídia nacional. Apesar da disparidade de influências e esquisitices, a música é coesa e vibrante. Vale também a presença de palco ensandecida.
Empolgação comparada ao que o "Trilöbit" causou, somente os brasilienses dos "Móveis Coloniais de Acaju" conseguiram. Assumidamente uma banda feita para dançar, eles transformam o palco numa festa bem coreografada e com uma presença forte do naipe de metais. Todo mundo dançou, pediu bis e aplaudiu muito.
Com mais visibilidade às atividades paralelas, a organização também acertou numa escalação heterogênea. O Demo Sul conseguiu manter o rótulo de independente (tanto para o bem quanto para o mal) e apresentou uma amostragem do rock feito no país. Ponto para o festival. O público será divulgado nos próximos dias pela organização.