Convidada mais do que especial da Mostra de São Paulo 2005, a atriz espanhola Victoria Abril veio ao Brasil para se lançar como cantora, apresentando o show de seu primeiro CD, Putcheros do Brasil, em que homenageia a bossa nova interpretando canções como "Chega de Saudade", "Desafinado" e "Corcovado", entre outras – todas em português. Para ninguém pensar em besteira, vale lembrar que putchero é um tipo de panela em que é feito um cozido espanhol – o sentido do título do disco é o da mistura.

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Na coletiva de imprensa realizada quando chegou ao país, na semana passada, a espanhola afirmou que não falava português, mas que cantava direitinho, sem sotaque, as músicas de compositores brasileiros consagrados como Vinicius de Moraes, Tom Jobim e Caetano Veloso. Mas não foi o que se viu na apresentação realizada no Sesc Pinheiros na sexta-feira passada, evento integrante da programação da mostra.

Em algumas músicas, como a clássica "Sampa", de Caetano, a atriz-cantora até se saiu razoavelmente bem, mas em outras, de andamento mais rápido, Victoria cantou no que se pode chamar de espantuguês – mistura de espanhol com português que somente ela parece entender, bem diferente do simpático e hoje conhecido portunhol.

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Constrangedor? Não chegou a tanto, foi até divertido – a claque brasileira adorou, pois, se não possui uma grande voz, a espanhola tem muito carisma. O problema é que as canções da bossa nova ficaram marcadas para sempre pelas versões de grandes intérpretes em português e Victoria perde de longe na comparação. Em vez de insistir no capricho de cantar no nosso idioma sem conhecê-lo, a artista poderia ter se saído melhor se tivesse apresentado versões das músicas, assim como fez com "O Que Será", de Chico Buarque, cantada em francês.

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