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A idéia é mais do que batida no cinema, mas sempre atrai o interesse do público: pessoas que trocam de corpos, sendo obrigadas a viver a experiência de vida de outro alguém. Geralmente são pais e filhos, o velho conflito de gerações, mas o diretor Daniel Filho apresenta a tal "mudança de hábito" na pele de um casal em Se Eu Fosse Você, longa que estréia hoje em cerca de 200 salas no país, primeira grande investida da poderosa Globo Filmes no cinema brasileiro este ano.

Encabeçando o elenco da produção estão Tony Ramos e Glória Pires, atores em evidência na televisão por conta da novela Belíssima e que por isso devem atrair um público maior aos cinemas – a fita ficou em pré-estréia por duas semanas, acumulando mais de 50 mil espectadores segundo a distribuidoras Fox, uma ótima performance que projeta uma boa bilheteria futura. Também participam os globais Glória Menezes, Patrícia Pillar, Thiago Lacerda e Daniele Winits, além de Lavínia Vlasak (hoje na TV Record).

Daniel Filho investe mais uma vez em um filme mais popular – como seus dois trabalhos anteriores, A Partilha e A Dona da História. Se Eu Fosse Você é uma comédia leve, para toda a família. O diretor herdou o comando da produção de Jorge Fernando, que não pôde assumir a direção por causa de seus compromissos televisivos (o programa matinal de Xuxa e a direção da novela das seis Alma Gêmea) – o inverso aconteceu em Sexo, Amor e Traição (2004), inicialmente um projeto de Daniel Filho, mas que acabou sendo dirigido por Fernando.

Para compensar a ausência na direção, o frenético Jorge faz uma ponta como ator em Se Eu Fosse Você, como um maluco ufólogo que é procurado pelo casal Cláudio e Helena para tentar destrocar de corpos. É uma das seqüências mais engraçadas da película, que tem outros bons momentos, como quando Cláudio (vivendo como se fosse Helena), pelo telefone, explica ao parceiro no corpo de mulher como usar um absorvente.

É exatamente em cima das piadas mais óbvias relacionadas à inusitada situação do casal que se baseia o humor do filme de Daniel Filho: Helena na pele de Cláudio fazendo xixi de pé pela primeira vez; Cláudio como Helena encarando um salto alto e cólicas. São situações já vistas em outros filmes semelhantes – em determinada seqüência, Helena convence uma amiga (vivida por Patrícia Pillar) de que é ela realmente no corpo do marido interpretando uma canção que as duas gostam ("Banho de Espuma", de Rita Lee), com direito a dança coreografada, exatamente a mesma forma que o personagem de Tom Hanks em Quero Ser Grande convence o amigo de infância de que é uma criança no corpo de um adulto. Com a repetição do tema, o atrativo da produção fica sendo mesmo as boas interpretações de Tony Ramos e Glória Pires, ambos bem à vontade com os trejeitos do sexo oposto.

O personagem de Tony Ramos é um publicitário de sucesso – o envolvimento do personagem com a campanha de vários produtos é a desculpa certeira para o merchandising pesado dos apoiadores do filme –, que não dá muito importância pelo trabalho de dona de casa da esposa. Já Glória Pires vive uma mulher atarefada em cuidar da casa, da filha única e também de sua beleza, que não vê como o marido dá duro para sustentar a família. Depois da mudança, eles precisam encarar desafios importantes para o companheiro: Helena precisa salvar uma campanha de lingerie importantíssima para a produtora de Cláudio, que por sua vez tem que comandar a apresentação de um coral de escola dirigido pela mulher. No fim, a mensagem é clara: cada um percebe a importância do outro, mostrando que compartilhar experiências é a melhor solução para uma boa vida a dois.

Daniel Filho – que já prepara outro longa, Muito Gelo e Dois Dedos D’Água – poderia ter ousado mais na relação sexual do casal com os corpos trocados, mas não foi muito além porque o filme é destinado a um público mais amplo. Há alguns indicativos que a relação pode ter se concretizado, mas o tema, que poderia ser transformar em algo até polêmico, não foi melhor explorado.

GGG

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