| Foto: Divulgação

Certa vez, ao fuxicar o Orkut, o autor de telenovelas Aguinaldo Silva descobriu duas ou três pessoas que se passavam por ele próprio no site de relacionamentos. "Fiquei pensando na obsessão que levava aquelas pessoas a querer ser uma outra", conta o autor. Da curiosidade gerada pelo incidente, surgiu a idéia de criar uma trama sobre trocas de personalidade, tema central da próxima novela das oito, "Duas caras", que vai substituir "Paraíso tropical" no horário nobre da Globo.

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Com estréia prevista para 1º de outubro, o projeto conta com a direção de Wolf Maya, que se reuniu com Aguinaldo na segunda-feira para revelar à imprensa detalhes da trama, definida por ambos como um drama urbano realista. "Todo mundo, algum dia, quis ser outra pessoa. Por isso, na história, todos os personagens vão sofrer transformações", conta o autor, responsável pelo fenômeno "Senhora do destino", de 2004, que atingiu média de 50 pontos de audiência.

"Duas caras" conta a história do jovem estelionatário Adalberto Rangel, vivido por Dalton Vigh, que logo no início dá um golpe, muda de nome e faz plástica para mudar de cara. "Ele será o vilão, mas estará em busca de uma redenção", diz Aguinaldo. A vítima será a mocinha órfã Maria Paula, primeira protagonista de Marjorie Estiano, que será abandonada grávida e terá toda sua fortuna levada pelo golpista.

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Vindo de Santa Catarina, Adalberto vai se transformar em Marcone Ferraz e refazer a vida como empresário no Rio de Janeiro. Paralelamente, Maria Paula também terá de se transformar para sobreviver à situação e buscar sua vingança. "Tudo isso vai acontecer nos primeiros dez capítulos", adianta o autor.

Mas o título de vilão logo será passado para as mãos de Antônio Fagundes, que viverá Juvenal Antena, um líder comunitário que dará origem a uma favela, batizada de Portelinha.

É lá que grande parte dos conflitos da trama vão acontecer: Juvenal vai travar uma luta por poder com seu afilhado, personagem de Lázaro Ramos, visto pelo autor como o herói da história. "É ele quem vai fazer a travessia da alienação total para a luta pelo bem", conta Aguinaldo sobre o personagem de Lázaro Ramos, que fará par romântico com Júlia, interpretada por Débora Falabella.

Atores

O elenco ainda conta com Aline Moraes, Caco Ciocler, Marília Pêra, Vanessa Giácomo, Betty Faria, Marília Gabriela, Stenio Garcia, José Wilker, Susana Vieira, Herson Capri, Renata Sorrah, Nuno Leal Maia, Totia Meirelles entre outros.

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"O melhor é propor uma personagem mais distante de tudo que esses atores geralmente são", afirma Maya, que aponta como exemplo a personagem de Marília Gabriela. "Ela será encontrada na mala de um carro e passará a viver na favela; será engraçadíssima."

Também é na favela que vão surgir figuras como o sambista Zé da Feira, homenagem do autor a Zeca Pagodinho, e um pastor evangélico vivido por Ricardo Blat. "Meu objetivo é mostrar a favela como um bairro de trabalhadores, fiz muita pesquisa de campo", diz Aguinaldo.

Cidade cenográfica

Para dar vida às idéias de Aguinaldo Silva, o diretor não economizou na criação do cenário. "Será a maior cidade cenográfica da história da Globo, tanto em termos de custo como de medidas. Terá de seis a oito ruas habitáveis, um terreiro, igreja, centro recreativo, praça, casa noturna e muito mais", diz Wolf Maya, que se inspirou na favela Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio.

A estrutura ainda não está completamente pronta, mas já há gravações previstas para a primeira e a segunda semanas de setembro no local . "A área não pára de aumentar", afirma o diretor.

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Em contraponto à favela, terá duas mansões cenográficas, que vão sediar as gravações do núcleo rico da novela, que trará Marília Pêra, Dalton Vigh e outros. "Mas entre os milionários e os pobres também teremos uma grande classe média", acrescenta.

"Queremos discutir a questão da educação no Brasil, do ensino, que é um problema social", diz o Aguinaldo Silva, que porém avisa que não vai faltar comédia na nova trama. "Minhas novelas são sérias, mas a abordagem é sempre bem humorada."