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De cabelos mais curtos, Norah busca expandir seus horizontes musicais, absorvendo influências diversas | Divulgação
De cabelos mais curtos, Norah busca expandir seus horizontes musicais, absorvendo influências diversas| Foto: Divulgação

Ela não gosta de rótulos. Tam­­pouco se sente à vontade para classificar a sua música. Aos 31 anos, Norah Jones (confira o serviço completo do show em Curitiba) disse ter crescido ouvindo todos os gêneros, do country ao jazz, passando pelo blues e pelo pop, e prefere que os outros se ocupem da tarefa de definir o que ela cria, tanto como compositora quanto na posição de intérprete. "Sei que é necessário à indústria fonográfica e à crítica musical criar categorias, rotular. Mas prefiro ficar fora disso", disse em entrevista por telefone à Ga­­zeta do Povo, de Nova York, a artista norte-americana, que acumula nove prêmios Grammy e mais de 40 milhões de álbuns vendidos.

Essa pluralidade de influências, que faz de Norah extremamente contemporânea, será a tônica do show que ela e sua banda apresentam dia 12 de novembro no palco do Teatro Positivo. Embora a base do espetáculo seja seu último álbum de estúdio, The Fall, lançado em novembro do ano passado, a turnê brasileira da cantora também coincide com a chegada às lojas de ...Featuring, disco de duetos que inclui faixas gravadas nos últimos anos com grandes mitos da músicas, como Ray Charles, Herbie Hancock, Willie Nelson e Dolly Parton; as bandas Belle & Sebastian e Foo Fighters, além de nomes da nova geração, entre eles o festejado Ryan Adams.

Indagada sobre o ecletismo desse time de parceiros, Norah fica em silêncio. Pensa um pouco antes de responder que jamais recusaria a oportunidade de gravar com artistas desse calibre. Alguém discorda de sua resposta? Basta uma audição de Featuring..., no entanto, para perceber que, ao invés de se reinventar, para se adequar aos parceiros ilustres, ela expande os limites da sua musicalidade, sem dúvida multifacetada, mas nunca contraditória. E absorve outros elementos, os fazendo seus.

Não é segredo que Norah, filha do grande músico e compositor indiano, Ravi Shankar, é tão urbana quanto interiorana. Nascida em Nova York, viveu em Fort Worth, no Texas, cidade de caubóis onde bebeu da fonte, evidente em sua musicalidade, da country music. Mas lá também desenvolveu um forte elo com o jazz – além de ótima pianista, também domina o saxofone alto. Enquanto crescia, mergulhou na obra de Bill Evans, mestre dos teclados, e da grande cantora de blues Billie Holliday.

Talvez por isso que Norah Jones ri quando pergunto o que anda ouvindo. Uma questão simples se torna complexa, a julgar pelos suspiros hesitantes da cantora antes da resposta. Enfim, revela que tem curtido bastante a alegre e praieira banda de folk pop brasileira-americana Little Joy, integrada pelos músicos cariocas Rodrigo Amarante, de Los Hermanos, e Fabrizio Moretti, do grupo The Strokes. No playlist de Norah, também está o grupo de indie rock nova-iorquino The National, Uma referência solar e outra soturna. Mais uma pista que confirma a polivalência de gostos da cantora.

Oceano

Sobre a turnê brasileira, que surgiu como possibilidade quando a série de shows de divulgação do álbum The Fall ao redor do mundo havia se encerrado, Norah não esconde motivos bem pessoais para festejá-la. "Será muito bom poder nadar no oceano aí no Brasil". Ela adora praia, confessa.

Embora o show não se concentre apenas no repertório do último álbum, e inclua sucessos de todos os seus discos, sem deixar de fora o megahit "Don’t Know Why", o publico brasileiro pode esperar um espetáculo menos intimista do que o esperado.

Ao completar 30 anos, em 2009, Norah Jones percebeu que desde o estrondoso sucesso mundial de seu álbum de estreia, Come Away with Me, vinha batendo na mesma tecla. Fez dois discos competentes, mas apenas reafirmou um estilo que se antes era uma novidade, acabou por reduzi-la ao gênero "Norah Jones", a uma faceta quase única. The Fall, disco de platina nos Estados Unidos (mais de 1 milhão de cópias vendidas), é uma tentativa de mudar, mas sem guinadas radicais. Bem ao seu estilo.

Menos cool e bem mais sanguíneo e encorpado do que o que vinha fazendo até então, o disco traz a mesma voz de belo timbre levemente rouco, a serviço de boas canções que a aproximam mais do rock, do country e do blues. Nada (ou muito pouco) de jazz. Ponto para Norah, que cortou o cabelo e terminou um casamento antes de gravá-lo. A produção de Jacquire King (que trabalha com Tom Waits e a banda Kings of Leon) empresta a The Fall uma vivacidade antes inédita na carreira da cantora. "Quis mudar e acho que mudei", disse Norah, prometendo um grande show.

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