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No mundo musical, o drama vivido por bandas no momento de lançar o sucessor de um álbum de estréia considerado um fenômeno já virou lugar-comum. Apesar de nada inédito, o fato continua atormentando, pressionando e gerando altas expectativas que, por vezes, resultam em grandes decepções. Esse não chega a ser o caso do quinteto nova-iorquino Scissor Sisters, que acaba de lançar Ta – Dah, disco que sucede o excelente registro de estréia, Scissor Sisters, lançado em 2004. A decepção, no caso, fica por conta do esforço explícito feito pelo grupo na tentativa de reproduzir no segundo título de sua discografia o impacto espontâneo causado por seu antecessor.

Impulsionado pela inusitada releitura disco de "Comfortably Numb", canção da banda britânica Pink Floyd, presente no antológico álbum The Wall, o primeiro trabalho do Scissor Sisters causou furor, emplacou quatro hits nas paradas mundiais e só no Reino Unido vendeu mais de 2,4 milhões de cópias. Idolatrando Elton John como seu guru espiritual e musical, o quinteto se apresentou pelos principais festivais do mundo, terminando o ano de 2005 na qualidade de "fenônemo pop".

Dois anos depois, Elton John passou de guru a padrinho, músico e co-autor de algumas canções de Ta – Dah, a exemplo do excelente single de trabalho "I Don’t Feel Like Dancing", hit disco construído a partir da base de piano do "rocketman" inglês. Não há como ficar parado diante de tal combinação. Com falsetes à la Bee Gees, palminhas duplas no refrão e teclados setentistas, a canção saiu direto do estúdio para o topo da Billboard há pouco menos de um mês, quando foi lançada nos EUA. Em seguida, a influência do padrinho também dá o tom da ótima "She’s My Man", igualmente dançante, porém mais pop do que disco.

Até aí, Ta – Dah tem tudo para superar o álbum de estréia da banda. Porém, o que se segue é uma sucessão de canções mais lentas, em que predominam a música de cabaré ("Might Tell You Tonight" e "Intermission", faixa que também conta com a participação de Elton John ao piano) e pitadas de country ("I Can’t Decide"). Salvam-se "Kiss You Off", que remete à oitentista Blondie, especialmente graças à melodia interpretada pela vocalista Ana Matronic; "Ooh", faixa dançante de instrumentação mais orgânica; e "Paul McCartney", que revive os embalos da cena que primeiramente acolheu o quinteto, o movimento electroclash nova-iorquino. Há, também, espaço para a climática "The Other Side", com influências claras de Fleetwood Mac e Roxy Music e a roqueira "Everybody Wants the Same Thing", que beira o britpop. Todas canções que, apesar de competentes, não trazem nem sombra da diversão que regia a proposta do grupo na época de seu surgimento. Pena. GGG1/2

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