A realização da "Marcha das Vadias" dez dias atrás em Curitiba indica que, 50 anos após o estouro do feminismo, as mulheres ainda têm o que reivindicar, e as artes retratam isso. Um exemplo é a estreia da adaptação de um texto dos italianos Dario Fo e Franca Rame, escrito em 1983, que exala conflitos de gênero, hoje, no Teatro Experimental Universitário da UFPR.
De Volta para Casa fala de Catarina, que um dia acorda disposta a pôr fim ao relacionamento frio e distante que tem com o marido. A gota d´água se dá quando ela cronometra a relação sexual com o cônjuge: são 21 segundos em que se sente como um objeto. Ela parte então numa miniodisseia em busca de verdades para sua vida em tom de comédia, bem ao estilo do dramaturgo italiano laureado com o Prêmio Nobel de Literatura em 1997.
Apesar da seriedade do tema, que quando estreou estava mais para bandeira política, é possível que o público se parta de rir, já que a protagonista bebe muito e fala e faz disparates em sua trajetória de 30 horas de fúria.
O diretor, Alvaro Bittencourt, de 48 anos, já havia montado o texto na Austrália, em 2009, como parte de um curso de mestrado na Monash University, e chegou a apresentá-lo em Melbourne no Fringe Festival e no La Mama Theatre.
Nessa montagem, os atores eram jovens estudantes de cultura anglosaxã, e ele ficou, desde então, imaginando como seria uma montá-la no Brasil.
Em Curitiba, a influência italiana proporcionou um resultado bem diferente da versão australiana, chamada Coming Home.
"Aqui, eles se utilizam mais da comédia e são atores mais experientes. Além disso, a discussão com os atores durante a montagem foi atual a partir das situações que vivemos hoje. E isso influencia na maneira de falar o texto e na própria atuação", contou à Gazeta do Povo.
O elenco Sandra Gutierrez, Paulo Alves e Anna Zétola atuou com Alvaro na década de 80 no grupo Eco de Teatro. "O texto tem mais a ver com eles do que com o grupo com o qual encenei em Melbourne, até pela idade", explica.
A quase ausência de cenário nesta montagem pode dar a impressão de que só o texto está no palco, mas há diversas decisões técnicas que contribuem para o resultado. A trilha sonora faz uma releitura de composições de Chico Buarque e é executada ao vivo por Julian Barg e pela cantora e atriz Chiris Gomes. A iluminação é de Beto Bruel; a supervisão de figurinos, de Jaqueline Daher e a produção executiva de Diego Marchioro.
Pesquisa
Por fim, é sempre interessante conhecer um caso de obsessão como o de Bittencourt com Rientro a Casa, título em italiano da peça de Fo e Rame. Sua insistência também aparece no próprio mestrado realizado na Austrália: foram dois anos de esforço diário até obter uma bolsa de estudos em teatro fora do país.
Serviço
De Volta para Casa. Teuni Teatro Experimental Universitário (Trav. Alfredo Bufren, 140), (41) 3310-2736. 4ª a 6ª, às 20 horas; sábados, às 18 e 20 horas e domingos, às 18 horas. R$ 20 e R$ 10 (meia). Nas quartas-feiras, ingressos a R$ 5 e R$ 2,50. Até 21 de agosto.
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