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Milhares de pessoas, entre lágrimas e gritos de "Obrigado, Negra!", aplaudiram, cantavam e jogavam flores nesta segunda-feira na passagem do cortejo fúnebre com o corpo da famosa cantora argentina Mercedes Sosa, que morreu neste domingo aos 74 anos, informou o jornal Clarín.
O cortejo percorreu várias avenidas de Buenos Aires com destino ao cemitério de La Chacarita, onde também está o mausoléu de Carlos Gardel. Em La Chacarita, o corpo da cantora será cremado e em seguida espalhado por três cidades: Tucumán, Mendoza e Buenos Aires.
Mercedes Sosa era um símbolo latino-americano e principal voz da música argentina. Ela estava hospitalizada desde 18 de setembro em Buenos Aires e seu estado de saúde se agravou na semana passada, devido a problemas renais e hepáticos, que debilitaram seus órgãos vitais.
"Nesta data, na cidade de Buenos Aires, Argentina, temos que informar que a senhora Mercedes Sosa, a maior artista da Música Popular Latino-americana, nos deixou", afirmou sua família em uma nota.
Com seis décadas de carreira na qual circulou por todos os gêneros musicais, também no exílio, enfrentando a censura de ditadores, Mercedes Sosa repartiu o palco em todo mundo com músicos de diferentes estilos e gerações, sem perder nunca sua profunda ligação com o folclore, a música predominante do interior argentino.
"Haydé Mercedes Sosa nasceu no dia 9 de julho de 1935 na cidade de San Miguel de Tucumán. Com 74 anos e uma trajetória de 60 anos, ela transitou por diversos países do mundo... e deixou um grande legado", acrescentou a mensagem da família.
VOCAÇÃO
"La Negra", como ela era conhecida carinhosamente por seu cabelo escuro, foi apontada como "a voz da maioria silenciosa", por sua defesa dos pobres e sua luta pela liberdade.
Ela foi também uma artista reconhecida por músicos de todas as gerações e estilos.
Sua versão para "Gracias a la Vida", de Violeta Parra, converteu-se em um hino para os esquerdistas de todo o mundo nas décadas de 1970 e 1980, quando ela se viu obrigada a exilar-se e seus discos foram proibidos.
Sua poderosa voz ganhou aplausos internacionalmente e popularidade no seu país.
Nas turbulentas décadas de 1960 e 1970, Sosa foi um expoente chave do "Nuevo Cancionero", um movimento altamente politizado que tratou de levar a música popular de volta a suas raízes.
Ela também integrou o Partido Comunista e suas posições políticas lhe trouxeram problemas durante a sangrenta ditadura militar argentina (1976-1983), na qual milhares de pessoas morreram com a repressão aos dissidentes de esquerda.
Os censores do Estado proibiram canções de Sosa, e ela foi para a Europa em 1979, depois de ser detida durante um concerto na cidade de La Plata.
Sosa se definia com frequência como uma mulher de esquerda, ainda que sempre lembrava ter vocação para a música.
"Na realidade, eu nasci para cantar. Minha vida está dedicada a cantar, a buscar canções e a cantá-las", afirmou em uma entrevista em 2005.
"Se entrasse em política, teria que descuidar do mais importante para mim, que é o folclore."
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