Esqueça “OK Computer”, do Radiohead; “Buena Vista Social Club”; “Backstreet’s Back”, dos Backstreet Boys; ou até “Sobrevivendo no Inferno”, dos Racionais MC’s e, se quiser, “Brincadeira de Criança”, do Molejo. A lista de bons discos que completam 20 anos em 2017 é grande, mas isso não significa que o hoje longínquo ano de 1997 foi repleto apenas de grandes lançamentos. Alguns desses discos – incluindo grandes sucessos comerciais – envelheceram mal ou mostraram que o êxito do passado foi (ou deveria ter sido) apenas nuvem passageira. Assim, aqui vão 20 discos que fazem 20 anos em 2017, mas que poderiam (ou, melhor, deveriam) ser esquecidos.
20. Aphex Twin, “Come to Daddy”
A cena techno teve um boom na segunda metade dos anos 90, liderada por grupos como Prodigy e Chemical Brothers. Aphex Twin, nome artístico de Richard David James, foi um dos subprodutos dessa cena. “Come to Daddy” foi o terceiro disco de sucesso de Aphex Twin, mas acabou sendo o último relevante antes de um grande hiato em sua carreira, retomada somente em 2014, quando ganhou o Grammy de melhor disco de dance/eletrônico por “Syro”.
19. Cornershop, “When I Was Born for the 7th Time”
Figurinha fácil nos programas “Top 20 Brasil” e “Top 10 EUA” da MTV Brasil em 1997, a banda inglesa Cornershop emplacou no disco “When I Was Born for the 7th Time” a grudenta faixa “Brimful of Asha”. Liderada pelos irmãos Tjinder e Avtar Singh, de família de origem indiana, a banda fez bastante sucesso até 2001, quando retomou suas origens alternativas e sumiu do mainstream. Seu disco mais recente, “Hold On It’s Easy”, foi lançado em 2015.
18. Jesus Jones, “Already”
Espécie de Duran Duran sem nenhum charme, Jesus Jones chegou ao topo das paradas em 1990 com o hit “Right Here, Right Now”. O disco de 1997, “Already”, acabou sendo o último álbum de estúdio da banda, lançado quando seu contrato com o estúdio EMI já tinha sido encerrado. Ensaiaram um retorno em 2016 com shows em cidades pequenas do interior da Inglaterra.
17. Silverchair, “Freak Show”
Daniel Johns, vocalista do Silverchair, tinha 17 anos quando a banda australiana lançou seu segundo disco, “Freak Show”. O grupo foi descoberto anos antes num concurso promovido pela tevê australiana, quando assinou um contrato com a Sony. A banda foi produzida em todos os detalhes para agradar ao gosto da plateia teen da época, tornando-se um ícone do “grunge adolescente”. Duraram até o início dos anos 2000, quando finalmente adentraram o inevitável ocaso.
16. Sandy & Júnior, “Sonho Azul”
Os irmãos Sandy Leah e Junior Lima começaram a se apresentar juntos em 1990, aos sete e seis anos, respectivamente. Assim, no fim da década de 90, enfrentavam o desafio de transitar do público infantil para o adolescente. A primeira experiência desta fase foi com “Dig-Dig-Joy”, de 1996. “Sonho Azul” não foi nenhum fracasso, embalado pela música “Era Uma Vez”, tema da novela de mesmo nome. Mas entre “Dig-Dig-Joy” e o grande sucesso de “As Quatro Estações”, de 1999, “Sonho Azul” foi um disco menor.
15. Shaggy, “Midnite Lover”
O cantor jamaicano estourou com o sucesso do single “Boombastic”, de 1995, que apareceu em um comercial da Levi’s e foi lançado em disco homônimo. Seu álbum seguinte, “Midnite Lover”, entretanto, ficou infinitamente distante do sucesso do antecessor e acabou sendo uma baixa na carreira do músico, apelidado com o nome do personagem Salsicha do desenho Scooby-Doo no original em inglês.
14. Kid Abelha, “Remix”
Hits do Kid Abelha remixados como faixas de dance music. Apenas evite.
13. Collective Soul, “Disciplined Breakdown”
Rock para se ouvir em horário comercial, com volume moderado, aprovado pela vovó.
12. Shania Twain, “Come on Over”
Se você gosta de Paula Fernandes, agradeça à sua maior referência, Shania Twain. “Come on Over” traz o hit “Man, I Feel Like a Woman”, inclusive gravado por sua sósia brasileira. À época, o disco se tornou o mais vendido na história por uma artista mulher, o que não é pouco. Shania acabou abandonando a carreira precocemente em 2004, alegando que sua voz estava se enfraquecendo, o que tornou “Come on Over” o ápice de uma curta carreira.
11. Limp Bizkit, “Three Dollar Bill Y’all”
O “bad boy” Fred Durst, um dos maiores chatos da música internacional, lidera a banda que mistura hip hop com heavy metal e ficou famosa por fazer uma cover de... “Faith” de George Michael. Simplesmente horrível.
10. Karametade, “Karametade”
O “Pagode anos 90”, tão cultuado hoje, teve um ano de ouro em 1997, com “Desliga e Vem”, do Exaltasamba (ainda com Chrigor nos vocais); “Brincadeira de Criança”, do Molejo; “Só pra Contrariar”, da mesma banda, que vendeu mais de 3,2 milhões de cópias, e ainda “Refém do Coração”, do Soweto. A história acabou mostrando que a banda dos irmãos Vavá e Márcio sempre esteve um pouco abaixo das demais, ainda mais em um ano especial como esse.
9. Ed Motta, “Manual Prático Para Bailes, Festas e Afins Volume 1”
Ed Motta era um sujeito divertido quando era conhecido por ser o sobrinho de Tim Maia e integrar a banda Conexão Japeri, de “Manuel”. Ao atingir a maturidade artística, enveredou pelo jazz lounge e se saiu com esse disco que, hoje, serve menos para quem quer animar uma festa e mais para quem quer terminar com uma, matando os convidados de tédio.
8. Björk, “Homogenic”
“Homogenic”, de Björk, é um disco que zzzzzzzzzZZZZZZZZZZZZZZ…
7. U2, “POP”
A febre da dance music nos anos 90, que deu ao mundo sucessos como “What is Love”, de Haddaway, e “Barbie Girl”, do Aqua, contaminou a música de tal forma que até Bono Vox deu um tempo do ativismo político para lançar, com o U2, o primeiro e único disco dance da banda, “POP”. Embalado pela canção “Discothèque”, o álbum vai na esteira do sucesso da versão eletrônica que o baterista Adam Clayton e baixista Larry Muller Jr produziram para o tema “Missão: Impossível”, da trilha do primeiro filme da franquia com Tom Cruise. Está entre os discos menos vendidos do U2 em sua história.
6. Blink-182, “Dude Ranch”
O punk rock californiano também teve seu ápice no fim da década de 90, com bandas como Green Day e The Offspring. Nesta leva surgiu também a perfeitamente esquecível Blink-182. O grande sucesso do grupo veio em 1999, com “Enema of the State” e o hit “All The Small Things”, o que faz o disco anterior, “Dude Ranch”, bem pouco relevante.
5. Hanson, “Middle of Nowhere”
Zac Hanson é hoje um homem de 31 anos pai de três filhos, mas em 1997 ele era o baterista prodígio de 12 anos do trio Hanson, formado por ele e seus irmãos maiores Taylor e Isaac. Loirinhos e fofinhos, eles impregnaram os ouvidos do mundo com o hit “MMMBop”, de tanto sucesso naquele ano que fez com que a banda lançasse um segundo disco no mesmo ano, com músicas de Natal. O êxito acabou não acompanhado a maturidade do grupo que, em 2013 (ano em que a banda completou 21 anos), lançou uma marca de cerveja chamada MMMHops.
4. Titãs, “Acústico MTV”
A banda que foi uma das maiores do rock brasileiro, de discos como “Televisão” e “Cabeça Dinossauro”, assinou os termos de sua rendição ao sucesso comercial com seu primeiro “Acústico” que trazia, além de covers de si própria, pérolas como “Os Cegos do Castelo” e “Não Vou Lutar”. Venderam tantos discos que, no ano seguinte, lançaram uma segunda incursão pelo gênero desplugado com “Volume Dois”. O sucesso custou a traição ao movimento.
3. Chumbawamba, “Tubthumper”
Quem conheceu o Chumbawamba pelo hit “Tubthumping”, do álbum “Tubthumper”, não imagina que as raízes da banda inglesa, que já se chamou Skin Disease e Sportchestra, estão no punk anarquista. Um de seus discos, por exemplo, se chama “Pictures of Starving Children Sell Records” (“fotos de crianças famintas vendem discos”, em tradução livre), de 1986, uma crítica ao famoso concerto Live Aid. Explodiram com o hit dançante “Tubthumping”, mas depois, fieis às suas origens anárquicas, sumiram do mainstream ao falar bem da morte de policiais e de pedir a seus fãs que roubassem seus discos à venda em lojas de departamento.
2. Smash Mouth, “Fush Yu Mang”
Uma banda internacional conhecida por fazer inúmeros covers de músicas populares e cujo ápice envolve a trilha sonora de dois desenhos animados da mesma série não parece ser merecedora de qualquer relevância histórica. E eles são bons nisso de reaproveitamento de sucesso: em 2017 o grupo planeja lançar uma regravação acústica de “Fush Yu Mang”, seu primeiro disco.
1. Creed, “My Own Prison”
Vamos colocar de forma simples: Creed é a pior banda do mundo. Pior que Nickelback, que já é bem ruim. Não importa que tenham vendido mais de 50 milhões de discos em todo mundo. Um bilhão de moscas podem estar erradas. Sua música é uma ofensa a quem gosta de rock. Todo o pós-grunge é indefensável, mas Creed consegue ser a excrecência maior em um oceano de chorume. Creed é para a música o que o Ibis é para o futebol, mas sem o humor autodepreciativo. Creed é a solução para quem não gosta de música mas precisa fingir que gosta para não ser excluído da sociedade. Ouvir Creed é um erro e ninguém deve desperdiçar este precioso sentido perdendo seu tempo com isso.
Bolsonaro e aliados criticam indiciamento pela PF; esquerda pede punição por “ataques à democracia”
Quem são os indiciados pela Polícia Federal por tentativa de golpe de Estado
Bolsonaro indiciado, a Operação Contragolpe e o debate da anistia; ouça o podcast
Seis problemas jurídicos da operação “Contragolpe”