A tereminista russa Lydia Kavina, parente distante de Leon Theremin (1896-1993), vem a Curitiba para uma apresentação nesta terça-feira (26), no Teatro da Caixa.
Os ingressos começam a ser vendidos ao meio-dia deste sábado, na bilheteria do teatro.
Lydia vai apresentar obras contemporâneas compostas originalmente para o teremim e algumas melodias famosas, como o “Cânone em Ré Maior”, de Pachelbel, que ela toca com a ajuda de uma loop station, e o tema de “Guerra nas Estrelas”.
Programe-se
Teatro da Caixa (R. Cons. Laurindo, 280), (41) 2118-5111. Recital: Dia 26 de julho, às 20 horas. R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia-entrada). Ingressos à venda na bilheteria a partir de sábado (23), ao meio-dia. Workshop: Dia 27, às 19h30. Entrada franca. Eventos sujeitos à lotação.
Na quarta-feira (27), às 19h30, haverá um workshop com entrada livre, também no Teatro da Caixa.
Aulas
Referência do teremim, a musicista aprendeu a tocar o instrumento com seu próprio inventor, a partir dos 9 anos. Ela é neta de um primo de primeiro grau do físico russo, que criou o teremim – considerado um dos primeiros instrumentos eletrônicos – em 1919.
“Foi ideia de Lev Sergeevich [nome russo do inventor] me ensinar o teremim”, conta a musicista, em entrevista por e-mail para a Gazeta do Povo. Theremin tinha 80 anos. “O mais importante era sua personalidade – uma pessoa idosa, mas que nunca pareceu ter sua idade. Era muito forte e saudável, com a alma jovem, fantasia juvenil e uma luz alegre nos olhos”, lembra Lydia.
O instrumento
O teremim é o único instrumento musical tocado sem contato físico. O som é gerado a partir de movimentos das mãos ao redor de duas antenas. A da direita controla o tom; a da esquerda, o volume. Mínimos movimentos interferem na afinação, o que fez o teremim ser considerado complicado na época da sua invenção.
Recital
Além do Cânone de Pachelbel, o recital de Lydia inclui uma composição sua, “Monologue”, de 1994 – segundo ela, uma peça que explora todo o potencial de alcance, volume e expressividade do teremim. A obra inspirou “Mixolydia”, de Jorge Antunes, composição com elementos eletroacústicos também presente no repertório. A tereminista também executa peças dos compositores russos Andrew Popov (“Dark Forest” e “Sagebush”) e Olesia Rostovskaya (“Russian Bell”), da compositora americana radicada em Hong Kong Lydia Ayers (“Rock Art in the Dream World”) e do equatoriano Jorge E. Campos (“Glissandi”).
“Desde o começo, eu usei o teremim em minhas primeiras composições. Sempre o achei interessante e novo. Mesmo hoje eu ainda descubro momentos novos no teremim”, diz Lydia, que é uma espécie de divulgadora do instrumento pelo mundo.
O som do teremim é vivo, mutável, imprevisível e estranho, como a psique humana.
“Eu cresci com ele. Quando aprendi o teremim, ele estava bem esquecido, pelo menos em meu país. Sempre quis promover este instrumento e abrir suas possibilidades maravilhosas para mais pessoas”, conta.
Para Lydia, o teremim faz uma espécie de ponte entre o aspecto emocional dos instrumentos acústicos e a força e o caráter “não-humano” da música eletrônica. “O som do teremim é vivo, mutável, imprevisível e estranho, como a psique humana”, define. “Ele também tem uma presença visual surpreendente.”
Relevância
Na avaliação de Lydia, nos últimos 20 anos o instrumento se tornou mais popular. Ela especula que as novas gerações são mais aptas a aprender o teremim graças à popularização de dispositivos tecnológicos controlados pelo movimento. “Acredito que [esta popularização] vai crescer no futuro”, diz.
Adeptos
Apesar de ainda ser considerado um instrumento obscuro, o teremim tem adeptos em Curitiba. A banda Wandula chegou a usar um em suas músicas – o instrumento é da cantora, pianista e compositora Edith de Camargo, que o adquiriu há cerca de 15 anos de um físico alemão. “É realmente um instrumento diferente, que combina muito bem quando se se quer fazer um som mais curioso”, conta Edith.
A musicista diz que o instrumento vem sendo usado nos mais diferentes gêneros e expressões artísticas.
Entre suas aplicações preferidas do instrumento estão as sonatas para teremim e piano do compositor alemão Christopher Tarnow. “Ele leva o instrumento a um nível profissional muito sério e abre novas possibilidades para ele”, exemplifica.
“Também há usos maravilhosos do teremim no teatro (no balé ‘The Little Mermaid’, de Lera Auerbach), no jazz (Pamelia Stickney) e na música de câmara (novo álbum do dueto de teremim e harpa de Thorwald Jorgensen)”.
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