A banda californiana de punk rock Bad Religion tem feito shows no Brasil por quase duas décadas, e em 2016 não será diferente. Além de ter sido anunciado como uma das atrações do festival Lollapalooza, que acontece em São Paulo nos dias 12 e 13 de março, o grupo também faz um único show solo na capital paranaense no dia 15 de março (veja o serviço completo no Guia Gazeta do Povo). Entre as datas, o vocalista Greg Graffin também participa de um bate-papo com alunos de cursos de music business da escola On Stage Lab, na capital paulista.
O evento, contudo, não é novidade para o frontman. Hoje em dia, com 51 anos, Graffin leva uma vida atarefada: durante boa parte do ano ele leciona sobre zoologia na Universidade Cornell – onde realizou seu doutorado –, além de fazer turnês e gravar com o Bad Religion. Quando tem algum tempo de sobra, escreve e publica livros, faz turnês de divulgação para eles e também compõe para seu projeto solo acústico.
“Eu adoraria ter tempo infinito para fazer tudo isso, mas é difícil. Se você me perguntar qual o meu método, eu apenas diria que sou um bom malabarista”, diz, entre risadas. “Eu posso fazer apenas algumas coisas de uma vez, e então depois me empenho em outras atividades na outra parte do ano.”
Coexistência
Seus trabalhos mais recentes incluem o lançamento do livro “The Population Wars” no ano passado, aproveitando a oportunidade para fazer uma pequena turnê de divulgação nos Estados Unidos. Além de promover a obra, ele também apresentou versões acústicas de algumas das músicas do Bad Religion que o inspiraram a escrever sobre a coexistência de espécies no planeta.
Sendo assim, sobra pouco tempo para um álbum de inéditas do Bad Religion para suceder “True North”, lançado em 2013. Segundo o vocalista, ainda não há planos ou previsão de lançamento para o novo disco.
“Não há nada concreto ainda porque estamos ocupados com outras coisas. Eu pretendo gravar um álbum solo esse ano e só mais tarde vamos começar a escrever um disco do Bad Religion. Quanto mais velho você fica, mais tempo leva”, explica.
Contudo, não é como se o grupo realmente precisasse lançar músicas inéditas para continuar na ativa. Não é à toa que o Bad Religion tem mais de 30 anos de carreira e é considerada uma das bandas de punk rock que mais vendeu discos na história; já foram 16 álbuns de estúdio até agora, que somaram mais de 5 milhões de vendas mundialmente, com músicas carregadas de inteligentes críticas político-sociais e religiosas, harmonias vocais características e rapidez típica do gênero.
Legado
Além de ser considerada uma das maiores representantes do pontapé na popularidade do movimento punk moderno, a banda, conhecida por hits como “American Jesus” e “21th Century (Digital Boy)”, também foi responsável por influenciar uma geração de grupos que os sucederam, como Rise Against e Pennywise.
“Eu não quero me gabar sobre o Bad Religion ser tão importante”, brinca o vocalista. “Certamente há uma cultura muito maior a qual o punk é atraído e isso é muito importante, mas eu acho que o Bad Religion é respeitado como um membro dessa comunidade e isso significa muito para nós”.
E isso é o suficiente para inspirar o grupo a continuar compondo, mesmo após as diversas mudanças na formação, incluindo a saída recente do baterista Brooks Wackerman para integrar a banda Avenged Sevenfold. Ao lado dos membros originais Brett Gurewitz (guitarra) e Jay Bentley (baixo), além de Jamie Miller (bateria) e Mike Dimkich (guitarra), Graffin pretende seguir em frente com o Bad Religion e afirmar sua relevância no punk rock.
“Eu levo isso muito a sério, e é o que me deixa motivado a continuar compondo porque é possível melhorar com o passar dos anos se você se dedicar a algo. Eu sinto que sou um compositor melhor agora do que eu era há 20 anos, e por causa disso e porque o punk continua sendo uma parte viável e importante da cultura musical, eu sinto como se pudéssemos crescer nesta área. E isso me estimula cada vez que decidimos lançar um novo álbum”.