B. B. King teve tempo para se despedir. E isso foi bom. Com a “Farewell Tour”, sua turnê do adeus, ele veio para Curitiba três vezes. Numa delas, em 2006, eu estava no Teatro Guaíra.
Embora eu não consiga sustentar uma conversa sobre King por mais de 15 minutos – curto mais blues acústico que elétrico –, conheço e gosto de várias músicas. (Fato: é impossível viver um tempo neste planeta sem ter contato com B.B. King.)
“B.B. King, que definiu o bluesman para gerações, morre aos 89”, é o título do obituário do New York Times. Não é preciso dizer muito mais que isso.
Da apresentação, a memória mais nítida que guardei é de King, enorme, sentado numa cadeira pequena demais para ele, bizarramente confortável, balançando de um lado para o outro enquanto tocava, como se fosse um metrônomo gigante.
Octogenário, ele se poupava e não levantava da cadeira. Nem precisava.
Conversando com o público, provocando com piadas e debulhando a guitarra, ele tomava conta de todo mundo, fácil. Ver o homem tocando era como consultar um tipo de velho sábio.
“Senta aqui e deixa eu te mostrar como funciona isso que chamam de guitarra”, ele parecia dizer. E você ficava embasbacado.
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