Quer ser uma estrela do rock? Bruce Springsteen pode te ensinar o caminho.
Em “Born to Run – Autobiografia”, o músico usa boa parte das quase 500 páginas do livro para contar como arquitetou sua trajetória na música a fim de evitar o destino que lhe parecia inevitável: ser mais um operário na decadente área industrial dos subúrbios de New Jersey.
Born To Run - Autobiografia
Bruce Sprinsgsteen, Leya, 498 pp. R$ 69. Biografia.
Com método e obstinação, Bruce se tornou um dos maiores astros do rock com mais de 120 milhões de discos, tem seu nome no Hall da Fama do Rock, vários Grammys e um Oscar em cima da lareira.
Bruce fala com detalhes sobre todos os seus discos, as situações de fato e as afetivas que o levaram a compor suas canções e também como ele arregimentou a E- Street Band, sua famosa banda de apoio, num texto que ao mesmo tempo que é bem humorado, também tem um ar de manual. Veja abaixo cinco lições da cartilha do “The Boss” para fazer uma carreira de sucesso no rock ‘n roll:
Quando decidiu deixar a sua promissora banda Steel Mill para investir em sua carreira solo, Bruce tomou a decisão de formar a melhor banda possível para acompanhá-lo, mas também decidiu que dali em diante ele daria a última palavra sobre tudo.
“Se me competia carregar às costas o trabalho e a responsabilidade, melhor seria assumir o poder...Criei um ditadura benevolente e esclarecida; tudo o que contribuísse para a nossa criatividade era bem vindo, mas só o meu nome aparecia nos cartazes e nos álbuns. Quando aparecessem os problemas, também cairiam sobre mim”.
Foi dentro desta estrutura que ele criou a E-Street Band, a banda que o acompanha há 45 anos com poucas mudanças, ainda que Bruce não tenha hesitado em desligar amigos de infância da banda quando as coisas começavam a dar errado.
Bruce conta que usou a guitarra para fugir da rotina que consumiu a vida de seu pai: operário industrial das 08 às 18h de segunda a sábado. Nas horas de folga, cerveja até desmaiar. Bruce não chegou a encarar a rotina das fábricas. Aos 15 anos, já tocava em bandas e aos 19, vivia de música, tocando no grupo Steel Mill, grande nome da cena local. Bruce, porém, conhecia bem de perto este “blues operário” pela experiência de seu pai, suas irmãs e amigos.
Foi escrevendo sobre este universo e influenciando por Bob Dylan, Van Morrison, Woody Guthrie e pelo blues que ele se tornou a voz da classe operária no inicio dos anos 1970. ”Queria ser uma voz que refletisse a minha experiência e o mundo em que vivia”. Assim surgiram músicas como “Growing Up” e “Born to Run”.
Bruce Springsteen tinha sete anos e estava em frente a tevê quando Elvis Presley se apresentou no programa de Ed Sullivan, na televisão americana em 1956.
No livro, ele usa um capítulo inteiro para definir a experiência que define como o “big bang”: o evento que fez o universo expandir. Sete anos depois, quando os Beatles tocaram no mesmo programa de tevê, Bruce decidiu que seria um guitarrista principal que escreve as próprias canções. Trabalhou em jardins de sua vizinhança e vendeu uma velha mesa de sinuca para comprar a sua primeira guitarra, uma Kent de 35 dólares.
Ele chegou a montar uma banda com colegas, mas foi expulso por que sua guitarra era “ruim demais”.
“Nessa noite em casa, coloquei o segundo álbum dos Stones para tocar e aprendi sozinho o solo de Keith Richards em “It’s All Over Now”. Demorei um pouco, mas cheguei a uma versão razoável. Nos anos seguintes pratiquei até não poder mais, passando todas as horas livres com a minha Kent, puxando e torturando suas cordas até que elas arrebentassem ou até que eu adormecesse na cama agarrado a ela”.
Até estourar com o álbum “Born to Run” em 1975, ser apontado na capa das revistas Time e Newsweek como o “nova sensação do rock”, Bruce, então com 26 anos, tinha passado os últimos dez tocando praticamente todas as noites. Antes de se tornar uma estrela era comum em sua rotina viajar milhares de quilômetros para tocar para três pessoas em botecos vagabundos, viver com 15 dólares por semana na espera de algum dia uma gravadora fosse se interessar por seu material. Foi nestas andanças que Bruce formatou sua performance agressiva.
“Em geral as condições eram horríveis, mas comparadas com o quê? O motel de estrada mais fuleiro estava um nível acima da minha casa. Tinha 22 anos e ganhava a vida tocando música. Deixei suor suficiente por palcos de todo para encher pelo menos um dos sete mares; levei a minha banda e a mim mesmo ao limite e pulei sobre um precipício por mais de quarenta anos”.
Para Bruce Springsteen, o sucesso veio antes do dinheiro. Quando ele assinou seu contrato para gravar seus primeiros discos na Atlantic Records, seu empresário Mike Appel, que tinha uma lábia “capaz de convencer Jesus a descer da cruz”, fez Bruce entregar seu patrimônio ao empresário, assinando um contrato sem ler.
Na época, ao assinar ele pensou “Não tenho nada a perder, se funcionar só tenho a ganhar”. Mas não foi bem assim. Quando seus discos começaram a vender aos milhões, Mike ficou com a maior parte da bolada e Bruce precisou entrar na Justiça e fazer uma acordo milionário para ficar com o direito de suas músicas editadas. Durante o processo judicial, Bruce lembra de ter pensado: “quando isso tudo acabar, se eu perder e ficar sem nada, continuo podendo me jogar de paraquedas com a minha guitarra em qualquer lugar e vou caminhar até o bar de beira de estrada mais próximo, montar um banda e dar algum brilho à noite de quem estiver lá. Por que é simplesmente isso que consigo fazer”.
No fim, a coisa deu certo. No fim da turnê de “Born in The Usa” (em 1986) ele ganhou uma “quantidade obscena de dinheiro”.
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