Da fusão da batida ritmada do piano ragtime, das canções religiosas dos spirituals, com as cordas e as blue notes altamente instintivas do blues, dentro do caldeirão de influências multiculturais dos festivais da New Orleans, Chicago ou da Nova Yorke do início do século XX, nasce o jazz.
Não é de se espantar que um gênero musical oriundo de tal miscelânea mantenha a maleabilidade natural através da história até encontrar impulsos criativos como os da cantora curitibana Scilla, que propõe, em um projeto em conjunto com o instrumentista e arranjador Célio Malgueiro, um novo encontro do Jazz com o Pop.
Apesar do chamado à arte ter sua raiz nos clássicos – com influências que vão de Cole Porter, Peggy Lee, Frank Sinatra e, claro, aos icônicos passos de Gene Kelly em “Dançando na Chuva” – Scilla construiu sua identidade musical experimentando, dando a canções tradicionais como “Fever”, um frescor de Maroon 5, ou, no caminho inverso, toda a sutileza de um Bill Evans à contemporânea “Sweet Nothing” (Calvin Harris), nos anos em que integrou – ao lado da irmã Cibele Deffune – o Acoustic Waves.
Harmonia contemporânea
Em carreira solo, subiu ao palco ao lado de nomes como Gerson Bientinez, Gegê Felix, Bernardo Manita, Gabriel Castro, até encontrar os acordes de Célio Malgueiro e harmonizar arte e espírito. Malgueiro tem uma vida dedicada à música. Apaixonou-se pelo violão aos 12 anos, aos 17 já era profissional. No currículo estão 11 anos na formação do Samjazz Quintet, além de apresentações nos Estados Unidos – mais precisamente em Daytona Beach – com um projeto focado em Bossa Nova.
Sobre o processo de compor os novos arranjos, Malgueiro relata que “as canções chegam com um tipo de harmonia contemporânea pobre em acordes, aí as trabalhamos no sentido de torná-las mais ricas, mais jazzísticas, com o cuidado para que continuem atraentes ao público”, comenta.
Juntos, mais do que oferecer ao público espetáculos únicos, expandem os horizontes musicais de ouvidos muitas vezes não habituados ao Jazz: “Quando você trabalha o andamento, o ritmo de uma canção, há de se ter o cuidado de se imprimir sua personalidade respeitando as limitações da música, sem que a nova roupagem cause um estranhamento em quem a ouve, a ideia é motivá-lo. Eu tive sorte de encontrar no Célio um artista que alia 40, 50 anos dedicados ao jazz com uma energia, uma criatividade impressionante, capaz de criar de maneira tão enérgica e despertar nas pessoas o desejo de conhecer influências que inspiraram as músicas pop que estão no nosso repertório, como “Sugar”, do Maroon 5, por exemplo”, reflete Scilla.
Aceitação
Diversos espaços artísticos da cidade – Dizzy Café Concerto, Curitiba Sunset Café, entre outros – têm se aberto para reverenciar o jazz, o que denuncia um aumento da aceitação do público: “O que eu tenho percebido é um público mais receptivo. Lembro de uma senhora bastante impressionada com nossa versão de “Fly Me To The Moon”, que, ao fim do show pediu para que repetíssemos a canção”, lembra a cantora.
Apesar de recente, a sonoridade do duo tem chamado a atenção de produtores de outras localidades. Já está em negociação uma apresentação no Teatro Raul Cortez, em São Paulo, ainda sem data definida. Com a linguagem universal do jazz e o ritmo contagiante do pop na mesma identidade musical, esse fusão tem potencial para ganhar o mundo.
Confira o vídeo do medley de “Fever”, da Peggy Lee/”Sugar”, do Maroon 5
Duo curitibano propõem fusão do Jazz com o Pop
Scilla e Célio Malgueiro misturam Peggy Lee e Marrom 5
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