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Cohen, que morreu  aos 82 anos nesta quinta-feira (10). | Fabrice Coffrini
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Cohen, que morreu aos 82 anos nesta quinta-feira (10).| Foto: Fabrice Coffrini /AFP

Algumas pessoas são agraciadas com algo menos que um fluxo [criativo]. Sou uma dessas.

Leonard Cohen Cantor e poeta

Hallelujah

A canção mais famosa de Leonard Cohen é também uma das músicas mais tocadas da história do rock: lançada no álbum “Various Positions” (1984), ela ganharia mais de 200 regravações – a mais famosa na voz de Jeff Buckley.

Já reconhecido como poeta quando começou a fazer canções populares, o cantor compositor Leonard Cohen, morto na quinta-feira (10), não foi particularmente prolífico. Em sua carreira, o canadense gravou apenas 14 álbuns.

Recentemente, ele falou sobre essa questão em um evento de lançamento de “You Want it Darker”(2016) nos Estados Unidos: disse que não foi agraciado com um fluxo criativo propriamente dito, e que suas músicas vêm aos pingos – ainda que sua formação literária o tenha diferenciado de outros artistas da canção pop desde o começo.

Algumas pessoas são agraciadas com algo menos que um fluxo [criativo]. Sou uma dessas.

Leonard Cohen Cantor e poeta

“Acho que Bob Dylan sabe disso mais do que todos nós: você não escreve as canções, de qualquer forma. Se você tiver sorte, pode manter o veículo saudável e responsivo ao longo dos anos. Suas intenções terão muito pouco a ver com isso. Você pode manter o corpo o mais azeitado e receptivo possível. Mas não é realmente uma escolha sua se você vai ser capaz de chegar lá.”

Obra

Hallelujah

A canção mais famosa de Leonard Cohen é também uma das músicas mais tocadas da história do rock: lançada no álbum “Various Positions” (1984), ela ganharia mais de 200 regravações – a mais famosa na voz de Jeff Buckley.

A primeira canção a fazer sucesso foi “Suzanne”, gravada primeiro por Judy Collins – mais tarde, chegando às paradas com Noel Harrison em 1967, ano em que Cohen lançou seu disco de estreia.

Seu timbre vocal e poesia particulares ganharam seus primeiros seguidores entre o público de música folk. O álbum seguinte, “Songs from a Room” (1969), trouxe outra de suas canções mais lembradas – “The Story of Isaac”, uma insurgência espiritualizada contra a guerra. Cohen foi se tornando silenciosamente cada vez mais cultuado.

A voz soturna de Cohen apareceu em um momento em que a música pop mal havia começado a deixar o universo juvenil do rock em direção a temáticas mais adultas. Aos 34 anos, junto com um estilo sofisticado, profundo e sucinto de poesia, sua música trouxe um conteúdo melancólico, espiritual, árido e consciente da maturidade e da finitude. Cohen falou sobre amor, fé, solidão, política. Influenciou muitos outros artistas – seu prestígio como compositor talvez seja superado apenas pelo de Bob Dylan. A lista de herdeiros da sensibilidade, força poética e status artístico semeados por este tipo de canção é extensa.

A carreira de Cohen teve altos e baixos. Foram apenas quatro álbuns nos anos 1970, e apenas dois nos anos 1980 – embora tratem-se de dois clássicos de sua obra, “Various Positions” (1984) e “I’m Your Man” (1988).

Um interesse renovado pelo seu trabalho aconteceu no começo dos anos 1990, quando um tributo reunindo bandas como Pixies, R.E.M. e Nick Cave and the Bad Seeds foi lançado, em 1992; mas Cohen, em um de seus movimentos enigmáticos, saiu de cena para passar cinco anos em um retiro budista. Ele voltaria com mais força nos anos 2000 e viveria, nos anos seguintes, a fase especialmente criativa que se encerrou com “You Want It Darker.”

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