Tinha tudo para ser um disco saudosista. Amargo até, e talvez com cara de despedida. Afinal, é o primeiro álbum sem o baterista Jon Brookes. E também a sequência do irregular Who We Touch, lançado em 2010. Mas o suposto crepúsculo de uma banda que pegou carona no rabicho do britop e do Madchester (apesar de os primeiros registros do The Charlatans terem saído de Birmingham) ficou para mais tarde.
Modern Nature tem um estranho e inesperado frescor retrô. A espinha dorsal do álbum – que fala naturalmente sobre perdas e o tempo – remete aos anos 1970, duas décadas antes do surgimento da banda, uma das b-sides do rock britânico noventista. Há toques de disco-pop, por exemplo, em “Let the Good Times Be Never Ending”, que se apoia num hammond esperto, uma das características, aliás, que fizeram com que a The Charlatans fosse reconhecida naquele mar de boas-bandas-quase-famosas.
A parcimoniosa “In the Tall Grass” oferece riffs jazzísticos de órgão, contrabaixo acústico e beats minimalistas. A ótima “So Oh” revela, sofisticadamente, que a banda não perdeu sua veia pop. É como se “Indian Rope”, um dos primeiros sucessos do The Charlatans, tivesse tomado um banho de loja.
Talvez seja providencial que “Talking in to Ones”, primeira faixa, seja a mais ousada – como se o grupo dissesse “veja só como estamos renovados apesar de tudo.” Efeitos eletrônicos e loops de percussão dão a deixa para a voz ainda eficiente de Tim Burgess, que mergulha num dream pop inescapável.
A produção densa, recheada de orquestrações, é de Jim Spencer (Johnny Marr, New Order, Liam Gallagher) e pode ser apreciada durante todo o álbum, que soa consistente e coerente em suas 11 faixas. Afinal, não deve ter sido tão fácil colocar bongôs, órgãos setentistas e guitarras funkeados ao lado de vocais shoegazers e aquele clima que implora por um pub esfumaçado.
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