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Daniel Drexler revela parte submersa de seu “iceberg”. | LUCIA GALLI/Divulgação
Daniel Drexler revela parte submersa de seu “iceberg”.| Foto: LUCIA GALLI/Divulgação

O cantor e compositor uruguaio Daniel Drexler apresenta nesta terça-feira (2), no Teatro Paiol, às 20h30, seu primeiro concerto solo em Curitiba. O show marca o lançamento de Tres Tiempos, um livro-DVD que registra um momento de “abertura de caminhos” em sua carreira.

“Curitiba é a fronteira norte do movimento”

Na sua estreia na literatura, Tres Tiempos, o músico uruguaio Daniel Drexler construiu a base conceitual para definir o movimento artístico do “templadismo”, movimento criativo que une artistas do sul do Brasil aos dos países platinos, Argentina e Uruguai.

Para uma geração de artistas platinos, que inclui seu Irmão Jorge e argentinos como Kevin Johansen, o cinturão do frio acabava nas praias do sul de Santa Catarina. Porém, a produção do documentário A Linha Fria do Horizonte, de Luciano Coelho, e a viagem que fez a Curitiba no ano passado fizeram Drexler perceber que Curitiba é a “fronteira norte” do conceito, pois sofre dos mesmos sintomas de inadequação artística que o levaram a criar a ideia do “templadismo”.

“Curitiba é, ao mesmo tempo, tão perto e tão longe de São Paulo, fica no estado da fronteira tríplice, tem toda a história ligada à produção da erva-mate... sem falar do frio. Quando visitei a cidade, vi que muitos músicos também estão conectados com esse sentimento”, diz. (SM)

Com participação da cantora paranaense Juliana Cortes, Drexler apresenta seu novo trabalho, gravado ao vivo em Buenos Aires no ano passado, em que relê as principais canções de seus últimos três álbuns: Vacío (2006), Micromundo (2009) e Mar Abierto (2012).

No DVD, as canções são recriadas em versões com o mesmo acabamento sofisticado do último álbum de estúdio. “Fiquei muito contente com o que aconteceu com o tratamento que demos às canções de Mar Abierto e surgiu a ideia de pegar as músicas dos discos anteriores e aplicar a mesma metodologia de trabalho”, explica.

Para Drexler algumas das gravações dos discos anteriores não estavam “à altura das músicas”. “Depois de tocá-las na estrada nos últimos oito anos, devo admitir que a interpretação ficou melhor, o conjunto das canções ganhou novo sentido e achei que valia a pena registrá-las de novo”, conta.

Literatura

No mesmo pacote, Drexler lança seu primeiro livro em que põe no papel, na forma de ensaio literário, questões sobre seu processo criativo, a vida na estrada e em especial o conceito que ele ajudou a construir desde o início do século 21 e que pode ser chamado de “estética do frio” ou “templadismo”. Trata-se da influência do clima e da geografia na criação artística no sul da América Latina (leia mais na matéria secundária).

Daniel fala de sua estreia literária com entusiasmo. “Foi um descobrimento a experiência da escrita. Acredito que vai acontecer muitas vezes daqui por diante. Me vejo com 80 anos numa sala escrevendo ao lado da lareira ou morando num hotel vazio como o do filme O Iluminado, mas tomara que não tão maluco”, brinca.

Show

Daniel Drexler

Dia 2 de julho, às 20h30, no Teatro Paiol (Praça Guido Viaro, s/nº, Prado Velho). R$ 60 e R$ 30 (meia-entrada). Informações: (41) 3213-1340.

A união da música com a descrição literária do processo criativo e das ideias que o movem servem, segundo Drexler, para “desnudar a parte submersa” do seu trabalho. “Quando vemos um iceberg à deriva no oceano, o que realmente vemos é apenas 10% do iceberg. Tres Tiempos é um relato breve sobre todos os outros 90% que não estão ao alcance dos olhos”, filosofa.

Nos últimos seis meses, a família Drexler bateu ponto em Curitiba. No final do ano passado, Daniel, o irmão mais novo, fez parte da reunião de artistas ligados ao “templadismo” no show que lançou o documentário A Linha Fria do Horizonte do cineasta curitibano Luciano Coelho. E em março, seu irmão mais velho, Jorge Drexler, fez no Vanilla Music Hall o show de encerramento de sua turnê mundial.

Agora, Daniel se diz mais preparado para os rigores do tempo de Curitiba. “No ano passado, era verão e eu não levei casaco e passei bastante frio”, conta.

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