Trinta anos depois de seus discos mais importantes “Papaparty” (1987) e “It’s Fuckin’ Borin’ to Death” (1988), de incursões (e picaretagens) em gêneros como o hip hop, emo e funk carioca, de ter ficado fora dos acontecimentos pela primeira década deste século, a banda gaúcha De Falla reuniu os integrantes de sua formação mais cultuada e lançou um álbum de inéditas.
O repertório do disco “Monstro” será a base do show desta sexta-feira (17) no John Bull Pub. Também vai passar por todas as melhores fases da banda, influência declarada dos principais nomes dos anos 1990 como como Planet Hemp e Chico Science.
O vocalista Edu K diz que a reunião “não é exatamente uma volta. A banda nunca acabou, mas é uma retomada das atividades”. “Cada um de nos tem um som característico. Quando os quatros se juntam, o som que sai daquilo é o De Falla. Não é proposital, a gente é assim. A natureza manda”, afirma.
Edu K se diz “tri-pilhado” para voltar a tocar em Curitiba. “Sempre foi uma praça nossa. Depois que eu conheci o Beijo AA Força nunca mais saí daí. Adoro também o Blindagem, a primeira banda de rock que vi na vida em Foz do Iguaçu [cidade onde morou na infância]”, conta o vocalista.
Telecatch
Produzido pelo próprio Edu K, “Monstro” soa como De Falla dos primeiros discos. “É psicodelia pop”, define. “O De Falla sempre foi pop, mas quando a banda surgiu a gente era estranho. Hoje o pop engoliu tudo, é um vírus desgraçado que come tudo”.
O som ecoa o começo a virada dos anos 80, tem acid house, fusão de rap e rock, climas da cena Madchester e o funk metal que foi a marca da banda em seus primeiros dias. “A gente contribuiu para a criação do funk metal. É um tipo de som que voltou a rolar. Os anos noventa nunca terminaram”, diz Edu.
A partir de uma letra do escritor Mário Bortolotto, na faixa que dá nome ao disco, Edu K construiu o conceito do álbum. “Criamos este mostro de quatro cabeças. É sobre a monstruosidade física mental psicológica do ser humano num momento em que a vida tá ficando insuportável”.
Sexta-feira (17) às 22 h, no John Bull Pub (Mateus Leme, 2204, São Lourenço). Ingressos a R$ 50.
O álbum tem letras em homenagens a Zé do Caixão e aos papas do LSD Timothy Leary, Ken Kesey e Aldous Huxley.“O De Falla sempre foi psicodélico, não só no som. Estas homenagens são pelo lance de destes caras incentivarem as pessoas a abrir a cabeça. O mundo não isso que a gente vê”.
Há até uma participação de Humberto Gessinger, líder dos Engenheiros do Hawaii, a “banda inimiga” do De Falla nos anos 1980.
“Era mais telecatch, a gente sempre foi amigo. É bom pra dar uma chacoalhada nos fãs: ‘pô, o De Falla com Engenheiros, como é que pode?’ O De Falla pode tudo e você também pode meu bom amigo. Todo mundo pode tudo”.
O show de abertura será da banda curitibana Ferryboat.
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