Ao final do documentário “Roger Waters The Wall”, há uma cena em que ele e Nick Mason, baterista do Pink Floyd, respondem perguntas enviadas por fãs.
Uma delas é sobre a relação do protagonista do filme com David Gilmour, ex-guitarrista da banda que anunciou seu fim em 2014 com o disco “The Endless River”, um pastiche bem acabado de sobras de estúdio. “Não diria que ele é meu inimigo”, explica Waters.
O show que David Gilmour fará na Pedreira Paulo Leminski, em Curitiba, no dia 14 de dezembro, será para divulgar o álbum “Rattle That Lock”, quarto da carreira, lançado oficialmente na semana passada.
O disco é um compêndio musical poderoso. A maioria das letras foi escrita pela romancista Polly Samson, esposa de Gilmour.
Teoricamente, fala sobre um dia na vida de um homem de meia idade – a primeira faixa é “5 A.M.”, citação à “4:30 AM”, música de abertura do primeiro disco solo de Roger Waters, de 1984. Na prática, tem quase de tudo.
“Faces of Stone” é uma balada melancólica que se vangloria de exibir a guitarra de Gilmour naquele limite extraordinário que existe antes do progressivo dispensável.
“A Boat Lies Waiting” é uma peça solene que homenageia Richard Wright (1943-2008), ex-pianista do Pink Floyd. Em “Beauty”, faixa instrumental de quase cinco minutos, um teclado etéreo e uma linha comportada ao piano antecipam uma demonstração do (ainda em dia) poderio musical de Gilmour.
David Gilmour. Columbia Records. Disponível em CD e nas plataformas Deezer, Spotify e Rdio.
Rock/jazz/ambient music.
Boa companhia
O dia passa e chegamos a “The Girl in the Yellow Dress”, um jazz despretensioso com Jools Holland ao piano, Chris Laurance no baixo duplo e Colin Stetson no saxofone.
No disco, Gilmour também troca figurinhas com Phil Manzanera (Roxy Music), Steve DiStanislao (Ace) e Danny Cummings (Penguin Café Orchestra).
“Rattle That Lock” é um ótimo disco. Talvez o mais perto do que poderia ser um bom lançamento do Pink Floyd em 2015: eclético, ponderado e assertivo.
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