Alguns trabalhos que fizeram sucesso em 2015 desafiaram a ideia de que o conceito de álbum se tornou obsoleto na era da música digital. O premiado “To Pimp a Butterfly”, de Kendrick Lamar, tem cerca de 1h10, e foi um estouro. Menos conhecido por aqui, mas também muito elogiado no ano passado, o disco “The Epic”, do saxofonista de jazz norte-americano Kamasi Washington, tem quase três horas de duração.
Em janeiro de 2016, a banda norte-americana Dream Theater quis ir ainda mais longe ao nadar contra a maré das músicas soltas pela web: o quinteto de metal progressivo lançou, em janeiro, um álbum de ópera rock inspirado no universo de ficção científica e fantasia.
Ao longo de 2h10 de duração, “The Astonishing” conta, em dois atos, a história de uma milícia que usa o poder da música para combater um império em um futuro distópico vigiado por robôs voadores. A banda apresenta o trabalho em Curitiba neste sábado (25), na Ópera de Arame.
Confira o serviço completo do show
“Ainda gostamos do longo formato”, conta o tecladista Jordan Rudess, em entrevista para a Gazeta do Povo. “É triste que álbuns inteiros não sejam mais tendência. Achamos que as pessoas estão perdendo o foco com a música, a habilidade de acompanhar algo que tenha profundidade”, defende o músico, que forma o DT ao lado de James LaBrie (vocal), John Petrucci (guitarra), John Myung (baixo) e Mike Mangini (bateria)
Show visual
O show inclui a ópera rock na íntegra, lançando mão de telões e “luzes dramáticas”, uma “experiência imersiva”, na descrição do músico. A apresentação dura cerca de três horas.
“É um show muito visual. Queremos levar os fãs para dentro do nosso mundo”, conta. “É a maior e mais avançada produção que já fizemos.”
Uma amostra pode ser vista no vídeo oficial da canção “Our New World”, que a banda lançou em maio.
Para Rudess, o Dream Theater em uma posição rara por poder lançar um trabalho como “The Astonishing”. A banda considera que assumiu um risco ao lançar um álbum neste formato. “Mas não queremos perder a habilidade de lançar um álbum completo, puxado por uma história”, diz.
Para o tecladista, fazer o disco foi como criar a trilha sonora para um filme ou musical. “É uma música muito expressiva, que usa muitos estilos diferentes, música eletrônica, baladas de piano, metal”, diz. “Ele nos leva não apenas para lugares a que o DT está acostumado, mas também explora novos territórios. Para mim, foi uma grande experiência. Adoro o fato de ser um trabalho tão dinâmico e diverso.”
A Ópera de Arame abre a partir das 18 horas.