Em minutos o ar se tornou rarefeito. A atmosfera de “friendly violence” que aos poucos se tornou palpável no Music Hall, na última quarta (27), durante o show dos thrashers do Exodus, definitivamente não era para os fracos.
Os mineiros do Uganga, responsáveis pelo show de abertura, acenderam as labaredas do público entrando “nas entranhas do Sol” mas o incêndio mesmo ainda estava por vir. No momento em que prestaram tributo à Lemmy Kilmister, líder do Motorhead – falecido no final de 2015 –, o primeiro mosh da noite surgiu ainda tímido, porque os fãs mais experientes sabiam que cada fração de energia seria necessária quando o Exodus assumisse seu lugar.
E o momento não tardou. O Uganga se despediu após nove músicas e prometeu se juntar à horda indistinta de headbangers (o que de fato fez). Instantes depois, Tom Hunting subia na bateria para a primeira saudação. O vórtice teve início com “Black 13” – primeira faixa do disco “Blood In Blood Out” (2014) – o que poderia levar à expectativas de um show protocolar, mas o que aconteceu foi muito além disso.
Diante da insanidade do público, Steve “Zetro” Souza achou necessário um momento de, digamos, utilidade pública. Após a execução da faixa título do álbum, Zetro aconselhou aos headbangers a “tomar conta uns dos outros. Se alguém cair, o ajudem a levantar. E continuem enlouquecendo”.
Depois de clássicos como “And Then There Were None” (1985) e “Deranged” (1987) outra pausa para uma justificativa: “Nós sabemos que os fãs de metal são os mais espertos que existem. Sabem de tudo, estão ligados em tudo. Por isso sabem que está faltando alguém aqui. Gary [Holt] não pode vir [a ausência do líder da banda ocorreu devido a compromissos com o Slayer, onde substitui o falecido Jeff Hannemann], mas mandou um recado dizendo que vai voltar”, garantiu o vocalista ao apresentar o guitarrista Kragen Lum.
Outro momento marcante foi a execução de “Salt the Wound” onde na introdução o frontman fez questão de pontuar a parceria com Kirk Hammett – guitarrista do Metallica e ex-membro do Exodus. Ainda outros ex-integrantes foram homenageados, incluindo Paul Baloff – morto em 2002 e que esteve à frente dos vocais da banda em diversos períodos, sendo o mais longo de 1997 a 2002 – durante a música “Impaler”.
Os elogios ao público curitibano renderam ainda outros elogios. Já a meio caminho da apresentação, Steve Zetro elogia a atmosfera de violência amigável que os fãs trouxeram para a apresentação, salientando que “o público desse gênero é o único que consegue ser tão importante quanto a banda nas apresentações. Ele oferece um espetáculo também pra gente aqui de cima do palco”, completa.
O ataque final à resistência do público foi o combo “Bonded by Blood”, “The Toxic Waltz” e “Strike of the Beast”, ao qual os presentes resistiram bravamente. Se a espera foi longa, o público tem mostrado nessa turnê que sabe de cor as lições aprendidas na violência e que mesmo que se esperasse por mil anos, jamais o Exodus estaria em sua lista negra.
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