Apoiada em muletas, a estudante Ana Luisa Castro chegou à Pedreira Paulo Leminski quando Wesley Safadão já estava no palco há mais de meia hora. “10% de Red Bull, 10% de água de coco, 80% de uísque, tô 100% muito louco”, emendou a jovem, acompanhando os versos do cantor, enquanto duas amigas tentavam controlar sua empolgação. “Demoramos, mas chegamos”, disse, antes de culpar o trânsito pelo atraso. “Amo o Wesley e hoje só saio daqui dentro do Samu”, completou, em clara referência a um dos hits do cantor.
Nos shows de Wesley, um mix de forró, axé, sertanejo. Nada é deixado de lado e improviso e bom humor são marcas registradas de sua performance; Wesley chega a parar o show para ensinar um jovem a dançar com a namorada.
Em um dos camarotes, em meio a muita “gela” (cerveja gelada), se torna fácil perceber como o forró de Wesley conquistou o Brasil. “São músicas fáceis, você ouve e dá risada das rimas, das letras em si. É impossível não gostar”, conta o empresário Artur Alves, que foi ao show acompanhado da namorada. “Minha única reclamação é que não tem Ciroc no camarote”, interrompe ela, aos risos.
Já a representante comercial Clarice Lozano integra o fã clube de Safadão – de acordo com seus cálculos, não tão confiáveis, estava em seu sexto show do cantor. “Já vi um show dele em Recife, quando estava de férias e fui à gravação de seu DVD no ano passado. Saio de casa para esquecer os problemas e me divertir. E é isso que você encontra nas músicas do Wesley”, conta. “Aqui ninguém fica parado e, apesar de falar sobre desilusões amorosas, é sempre ensinando a superar os momentos de tristeza e fossa. Porque quem vive de orgulho, morre de saudade”, completa.
Vai, safadão!
Tudo começou com a banda familiar “Garota Safada”, montada ao lado de irmãos e primos, ainda na adolescência. “Não concordo quando dizem que o sucesso veio repentinamente. São 15 anos de trabalho, embora o reconhecimento só tenha chegado agora”, pondera o cantor em entrevista à Gazeta do Povo. “De qualquer forma, estamos em um ótimo momento. Trabalhamos para conquistar nosso espaço e, ao longo do tempo, a banda foi passando por algumas mudanças: antigamente tínhamos vocal feminino, balé... acabamos adaptando diversos elementos, inclusive nosso nome”, completa.
Os números só atestam o sucesso de Safadão, que, além de uma Ferrari, já possui um jatinho particular com seu nome gravado na fuselagem. O clipe de “Camarote” já ultrapassa a marca de 120 milhões de visualizações e o cantor está entre os 30 jovens mais promissores do Brasil segundo a revista Forbes. Seu último disco, lançado em novembro do ano passado e gravado no Estádio Mané Garrincha, em Brasília, atingiu a marca de meio milhão de downloads em apenas três dias. Hoje são aproximadamente 25 apresentações mensais, com cachês de R$ 500 mil em média; aos 28 anos, Wesley Oliveira da Silva é um dos nomes de maior sucesso da música nacional.
A criatividade nas letras é um capítulo a parte. Em uma das faixas do DVD, Wesley afirma que para ouvir poesia é preciso ir atrás de Roupa Nova e Djavan. A origem da inspiração para frases de efeito como “Amor só de mãe, paixão só de Cristo. Quem quiser me amar, sofra” ou “Só morre de amor quem é liso, porque quem tem dinheiro morre é de ressaca”, no entanto, é desconhecida até mesmo para o próprio Safadão. “A verdade é que às vezes crio do nada, sai na hora e acaba pegando. Outras vezes também recebo algumas coisas que gosto, falo para galera e vai fluindo”, diz.
Mas apesar de ter passado boa parte da carreira como representante do forró e restrito ao público nordestino, sua música extrapolou nichos e hoje ele transita em qualquer gênero: há um dueto com Ivete Sangalo em uma de suas canções, “Parece que o vento”, flertando com o axé, além de ser presença constante em festivais sertanejos.
“O forró é um ritmo que se relaciona bem com qualquer gênero”, justifica. “E para quebrar estas barreiras o trabalho na internet é fundamental; faz com que pessoas de várias regiões diferentes ouçam sua música, vejam o que acontece em outros locais. A partir daí a mistura de ritmos e duetos entre artistas de segmentos distintos se torna apenas consequência”, completa.
Prova disso é que durante o Lollapalooza deste ano, festival historicamente alternativo, o duo Jack U, formado pelos DJ’s americanos Diplo e Skrillex, fez uma versão para “Nam, Nam, Não (veja só no que deu)”. O público presente acompanhou aos gritos de ‘Vai, Safadão’. “Foi algo que me surpreendeu, claro. Nunca esperei que pudesse acontecer em um evento deste estilo”, diz. “E a versão ficou tão boa que ‘roubei’ um trecho para meu show”, brinca.
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