Sexta-feira, fim de tarde. Há uma coisa certa no Brasil: em centenas de esquinas, nas calçadas, à sombra das árvores ou nos barzinhos do país inteiro estarão se formando rodas com tantãs e repiques de mão para cantar as músicas criadas em um século de samba.
Uma tradição que foi formatada pelo Fundo de Quintal, lendário grupo de samba carioca que vai completar 40 anos de estrada no ano que vem e se apresenta nesta sexta-feira (27), no Vanilla Music Hall.
Foi o grupo formado por Bira Presidente, Sereno e Ubirany –e que na formação atual ainda conta com Ademir Batera, Ronaldinho do Banjo e Mário Sérgio – que, além de introduzir os instrumentos de percussão citados acima, foi responsável pela modernização popular do samba no final da década de 1970.
De lá para cá, o Fundo de Quintal se manteve relevante e atravessou as diversas modas da música popular, do pagode ao funk ostentação, sem sair de sua proposta: tocar samba com alegria, caprichando nas melodias e refrãos.
“A gente tem consciência de que o trabalho teve uma influência muito grande. A gente curte o samba tradicional e a roda de samba pegou no país inteiro”, reconhece Ubirany, o criador do repique de mão.
“O show será, então, uma grande roda de samba, com repertório calcado na história musical da gente. Vai ter desde ‘Boca Sem Dente’, do primeiro disco, até ‘Só felicidade’, do álbum mais recente [homônimo]. Acho que o povão vai cair dentro”, projeta o músico, em entrevista à Gazeta do Povo.
Também não devem faltar clássicos como “Lucidez”, “O Show Tem Que Continuar”, “Parabéns Pra Você”. “Vai Lá, Vai Lá” e outras.
“São músicas que ficaram mente das pessoas”, diz o músico. “E são essas pessoas que vão, graças a Deus, aos nossos shows, e mantêm a chama do samba tradicional acesa”, afirma.
Grammy
O show desta sexta-feira também vai servir para celebrar o Grammy Latino de Melhor Álbum de Samba de 2015, que o grupo recebeu na semana passada pelo álbum “Só Felicidade”, produzido pelo veterano Rildo Hora.
“Estamos vivendo um momento legal. Um reconhecimento que nos pegou de surpresa”, avalia Ubirany.
“A gente fica mais satisfeito pois sabe que esta escolha é feita por um júri especializado, que para para pensar e avaliar o trabalho com critério. Isto nos motiva a continuar seguindo em frente, mostra que estamos no caminho certo”, conclui.
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