Pegue a ficha técnica de qualquer disco e você verá que uma das funções principais é a de produtor artístico. É ele quem comanda os registros sonoros que estão ali.
É sempre bom conhecer questões técnicas, principalmente engenharia sonora, como lidar com os instrumentos e equipamentos disponíveis. Mas o mais imprescindível, entretanto, está em ser hábil nas relações humanas. Em saber conduzir o artista ali na frente para que ele dê o máximo de si quando a luz vermelha estiver acesa e vá até os seus limites (conhecidos previamente ou descobertos na hora).
Durante as sessões de gravação é preciso ter tato para surfar entre os egos, aparar arestas e principalmente propor novos desafios para que o disco saia redondo, bem-feito e provoque impacto nas pessoas.
Na teoria este é o papel de um produtor artístico. Muito disso se desenhou depois que o mundo conheceu o trabalho de George Martin, então um jovem maestro e arranjador que começou a carreira no mundo musical como um assistente contratado pela gravadora EMI, em Londres, nos anos 1950, para formatar as gravações dos artistas eruditos contratados por ela.
A partir de 1955, passou a atender também a área de música popular, em especial ao selo Parlophone. Até que no início da década seguinte caiu em suas mãos um grupo de quatro rapazes vindos do Norte, mais precisamente lá dos lados do porto de Liverpool.
Durante toda a carreira fonográfica, Martin assinou mais de 700 obras. Passeou pelos vários segmentos da música pop, muitas vezes colaborando para torná-la um pouco mais erudita, com o uso de trechos orquestrais e aprimoramento dos arranjos para algo bem além da estrutura rítmica tribal característica dos primórdios do rock.
Para ele, o que importava em si era a canção. Todo o resto não passava de elementos importantes que deveriam estar a serviço dela.
Obrigado
A morte de George Martin – durante o sono, aos 90 anos, na manhã desta quarta (9) – não chegou a pegar o mundo de surpresa. Surpreendente mesmo será se aparecer um outro produtor artístico tão culto, sábio e aberto a possibilidades sonoras. O mundo está cada vez mais sintético e sintetizado em softwares e hardwares,
Aposta
É impossível dissociar o nome George Martin do trabalho de seus pupilos mais famosos, os Beatles. Foi o maestro que bateu o pé para que a EMI contratasse aqueles quatro garotos vendo um potencial neles apesar do problema crônico inicial da falta de jeito dos músicos nas primeiras gravações.
Pouco a pouco, com paciência professoral, foi moldando os jovens e fazendo-os perceber que poderiam ir bem além daquela música quadradinha baseada em guitarras afiadas, letras românticas e melodias muito doces.
E, quando o quarteto parou de excursionar por conta dos prejuízos da megapopularidade, Martin aproveitou o incrível aumento de horas disponíveis de estúdio para levá-los a criar suas mais famosas e cultuadas obras.
Foi por causa de álbuns complexos e sem muitos limites sonoros como “Revolver”, “Rubber Soul”, “Sgt Pepper’s Lonely Hearts Club Band”, “The Beatles” (conhecido como “Álbum Branco”) e “Abbey Road” que a música nunca mais foi a mesma.
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