Com seu jeito de surfista da velha guarda, com muitos anos de praia, o compositor Marcos Valle, talvez seja, depois de Tom Jobim, o compositor brasileiro mais influente na música americana.
Para medir esta importância, basta dizer que duas das séries de tevê mais respeitadas por lá, Os Simpsons e Breaking Bad, usaram a música do carioca em suas trilhas sonoras.
Uma de suas canções, “Samba do Verão”, catapultou as vendas do álbum “Rain Forrest” do organista Walter Wanderley a mais de um milhão de discos nos EUA em 1966.
O melhor desempenho de um álbum brasileiro no país do jazz em todos os tempos. Seu primeiro disco americano lançado por lá “Samba’ 68, hoje tem status de clássico.
“Eu reconheço esta minha influência, demorei para ter noção. Fico realmente surpreso e até vaidoso. É um presente que eu recebi. Deu trabalho, é claro”.
Foi também nos Estados Unidos que o músico com mais de 50 aos de carreira contraiu um “matrimônio artístico” com a cantora de jazz Stacey Kent, uma parceria que tem rendido frutos nos últimos cinco anos.
O mais recente é um pacote com DVD e um CD gravados ao vivo, “Marcos Valle & Stacey Kent – Live at Birdland – New York City” durante um show na icônica casa de jazz nova-iorquina. Há ainda além um documentário sobre os bastidores da turnê dos dois músicos pelo Japão, “Marcos Valle e Stacey Kent, From Tokyo to New York” dirigido por Charles Gavin com produção do Canal Brasil.
Valle compara a atuação na casa sagrada do jazz americano a atuar pelo Flamengo, seu time do coração, no Maracanã. “Não é fácil, tocar lá. É um público que gosta mesmo de música”.
Stacey que fala português fluentemente, conta que conhece a música de Valle desde a adolescência em Nova Iorque.
“Meu pai tinha uma grande coleção de discos de jazz e adorava bossa-nova. Foi um a surpresa da vida o nosso encontro. Nós compartilhamos uma mesma sensibilidade musical”.
Parceria com Vinícius
Um dos destaques dos registro é a faixa “Amando Demais”, uma parceria inédita entre Valle e Vinícius de Moraes, que ganhou versões ao vivo e em estúdio.
A letra de Vinicius foi entregue a Valle em 2013 por Carlos Lyra, amigo e padrinho de casamento de Valle “Ele [Lyra] me disse que queria corrigir uma lacuna, que precisava existir uma parceria minha com o Vinícius”.
Uma parceria que nunca ocorreu, pois Valle foi o menino prodígio da “segunda geração da bossa nova”, na definição do pesquisador Ricardo Cravo Albin, e Vinicius foi a estrela da primeira.
Aos 72 anos, Valle é formado em piano há 60 anos. “Embora eu tenha estudado piano clássico, eu fui desmamado por Jackson do Pandeiro e pelos grandes sambas.Fui misturando tudo na minha cabeça e surgiu este meu estilo”.
Valle tem a fama de ser “novidadeiro”.Ele conta foi ele quem apresentou o rock aos amigos no final dos anos 1950. No início dos anos 1970, misturou elementos de rock progressivo ao seu samba jazz , e no final daquela década, antecipou um tipo de pop com influencia da black music que faria sucesso no mundo todo na década seguinte.
“Eu nunca premeditei nada. As coisas saem assim”.
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