Justin Bieber: premiado, encrenqueiro e com milhões de fãs.| Foto: Kevin Winter/Divulgação

A realidade costuma ser cruel com as estrelas teen - e não poderia ser diferente com Justin Bieber, cantor canadense de 23 anos que leva a sua Purpose World Tour nesta quarta-feira (29), às 21h, à Praça da Apoteose, no Rio de Janeiro. O ídolo esperado pelos adolescentes acampados há meses nas proximidades do templo do samba não é mais aquele menino de face angelical, franja esculpida e boas intenções. Hoje, é um adulto ainda com alguma baby face, sim, mas também com um torso nu trabalhado em academias e coberto de tatuagens, além de alguns problemas com a Justiça - entre os quais, uma citação judicial que deve ser entregue ao astro no Rio, por ter pichado um muro do Hotel Nacional em 2013, durante a sua última passagem pela cidade.

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O fato é que por pouco Justin não seguiu o caminho de tantas estrelas adolescentes que tentaram fazer a transição para o mercado adulto. Em 2014, aos 20 anos, depois de um álbum digital que não chegou às paradas (“Journals”), de acusações de vandalismo, do muito noticiado abandono de um macaco de estimação na Alemanha e de uma prisão em Miami sob a acusação de dirigir embriagado e intoxicado (o que o expôs ao risco de deportação, já que ele também resistiu à abordagem), a imagem do astro foi substancialmente arranhada.

Num tempo em que a vigilância sobre as celebridades é cerrada como nunca e a concorrência está sempre pronta para substituir um rei morto, temeu-se muito pelo destino do cantor que em 2010 chegou ao primeiro lugar da Billboard com o álbum “My world 2.0” na semana de lançamento (o artista mais jovem a conseguir o feito desde 1963, com Stevie Wonder) e que espalhou pelo mundo, entre os garotos, o seu estilo único de corte de cabelo.

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O artista que em poucos anos passou de cover de YouTube do cantor Usher para ser aposta do próprio Usher para a gravadora Island (que o contratou aos 15 anos de idade) teve então que investir numa rápida reinvenção, antes que as engrenagens da indústria deixassem apenas o bagaço do que tinha sido o primeiro artista a emplacar sete canções de um disco de estreia no Top 100 da Billboard.

Bad boy

Com uma imagem de bad boy na sua cola, o que fazia mais sentido para o cantor era aceitar os seus erros - brincar com eles até - e buscar uma forma musical mais condizente com a nova persona. Não seria algo novo: antes dele, a virginal estrelinha teen Miley Cyrus tinha se transformado, com bastante êxito, numa espécie mais alucinada de Madonna, com pouca roupa, muita provocação e disposição até mesmo de colaborar com os desatinos psicodélicos do grupo Flaming Lips.

Para Justin, porém, a solução estava bem debaixo do nariz: sendo ele uma versão branca e adolescente do r&b, um artista que gravou com rappers como Ludacris (no hit “Baby”), bastava seguir no caminho de aproximação com a ala mais arrojada da música negra. Um embrião disso tinha sido seu álbum de 2012, “Believe”, no qual contou com a participação do conterrâneo e futura superestrela do rap Drake.

Em dezembro de 2013, Justin foi adiante ao lançar “Confident”, uma colaboração com Chance The Rapper, então uma novidade do rap, mas que em 2017 se tornaria a grande sensação do Grammy, com três estatuetas. Ao mesmo tempo, o cantor começou a ser visto com mais frequência na companhia de rappers, arriscando versos de improviso.

Em fevereiro de 2015, a grande surpresa veio na forma de “Where are Ü now”, música do projeto Jack Ü, dos DJs e produtores Diplo e Skrillex: ali, o cantor finalmente se posicionava do lado mais inovador da música, sem no entanto abdicar de ser pop. Bem mais ousada que de costume, a faixa ganhou um Grammy de melhor gravação de dance music e abriu o caminho para o que ele mostraria em seu álbum seguinte, “Purpose”, lançado em novembro do mesmo ano. A primeira faixa do disco, antecipada em agosto, foi “What do you mean?”, incursão de Justin na onda do tropical house - ou seja, léguas distante de “Baby”.

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“Purpose” estreou no primeiro lugar das paradas americanas e ainda estourou “Sorry” (produção de Skrillex) e a romântica, mas adulta “Love someone”. Clássicos de um Justin Bieber renascido que faz seu show na Apoteose.