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Opinião

“Kim Gordon me transformou mais uma vez”, diz vocalista da Audac

O livro de Kim Gordon, “A Garota da Banda”, começa com o relato do último show, que aconteceu no Brasil no SWU. Acabei procurando o vídeo do show, mas não consegui encontrar. Mas assistir já ciente do que estava acontecendo, e do que viria depois, seria torturante até para nós. Achei muita abelhudice da minha parte depois de ler um capítulo insuportavelmente triste.

A forma como ela simplesmente relata as coisas de que se lembra – e da maneira como ela se lembra – é sensacional, muito acessível e descomplicado. Faz sentir que temos muitas coisas em comum com Gordon, e adorei sentir isso.

Ela é uma artista completa, sem medo de mostrar como faz tudo do seu jeito, como ela gosta de ser ela mesma e como às vezes odeia tudo o que faz – no melhor sentido possível, que é o do querer fazer sempre melhor.

Ela não esconde o que a deixa triste e amargurada nem em momentos felizes. É um livro delicioso de ler, é lindo acompanhar todas as pessoas que cruzam o caminho dela: a amizade com Kurt Cobain, Adam Yautch, Spike Jonze, Sofia Coppola etc.

Para mim, o mais marcante no livro acaba não sendo o fim do relacionamento e o fim da banda, apesar de serem processos extremamente arrasadores.

O mais incrível é poder acompanhar toda a transformação do Sonic Youth pelos olhos da mulher que estava dentro da banda e transformou a vida de tanta gente. Tão tímida e sensível e tão selvagem e verdadeira. Tudo ao mesmo tempo.

Quando me convidaram para fazer um pequeno comentário sobre o livro, pensei que não poderia fazer isso. Eu estava errada: o livro me transformou. Kim Gordon me transformou mais uma vez.

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