Uma das maiores estrelas da música nos anos 1980, Lionel Richie se apresenta pela primeira vez em Curitiba no dia 6 de março, no Teatro Positivo.
Décadas depois de seu reinado na música pop, o artista até poderia ser um daqueles casos que os curitibanos se acostumaram a ver enquanto estiveram à margem do circuito de shows internacionais no Brasil: artistas que finalmente vêm para cá depois que seus momentos já passaram, enquanto os que estão na crista da onda passam direto em direção a outras capitais.
Richie, no entanto, está surfando. Aos 66, o norte-americano excursiona pela América do Sul dias depois de receber uma homenagem da maior importância no principal prêmio de música do mundo, o Grammy (leia mais abaixo).
Lá, foi paparicado por colegas como a britânica Adele, cujo hit “Hello” chegou ao topo das paradas em 2015 – fazendo lembrar a canção homônima de Richie lançada em 1984.
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Também no ano passado, ele mesmo havia emplacado uma coletânea em primeiro lugar no Reino Unido pela primeira vez em mais de duas décadas, depois de ser um dos destaques do famoso Glastonbury Festival – onde lançou petardos como “Easy” e “Three Times a Lady”, de seus tempos de Motown com os Commodores (1968-1982), “All Night Long”, “Hello”, “We Are the World” e “Say You, Say Me”.
Lionel Richie compara seus shows a “um enorme karaokê”
É este o tipo de show que Richie vai fazer por aqui, no primeiro de uma série de três apresentações pelo Brasil (depois de Curitiba, ele segue para o Rio de Janeiro e para São Paulo): um espetáculo sem truques ou atrações mágicas, só canções.
“O melhor é que eu não preciso me lembrar de nenhuma das letras. O público vai se lembrar de cada canção melhor do que eu. Só preciso tocar do jeito que está gravado”, brinca o artista, em entrevista por telefone para a Gazeta.
Bem-humorado, ele compara seus shows a “um enorme karaokê”. “A piada que faço com todas as minhas plateias é: ‘vocês pagaram para me ouvir cantar ou para ouvir vocês mesmos cantando?’”, diz. “Tudo o que temos de fazer é, basicamente, levar as canções prontas para o show. O público faz o resto.”
Diversão
Richie falou à reportagem na segunda-feira (22), pouco depois de um voo entre Los Angeles (EUA) e Santiago, no Chile, a três dias do primeiro show.
“Decidi vir uns dias antes para me acostumar ao clima, ao tempo, ao fuso horário”, explica o artista, colocando mais um destino na carreira de mais de quatro décadas. Ele garante que ainda gosta da lida.
“Quando subo no palco, estou me divertindo de verdade”, diz.
“Vocês ainda não ouviram nada.”
Lionel Richie foi um dos protagonistas da noite do Grammy, no último dia 16. O artista foi escolhido a Personalidade MusiCares do Ano.
O título, que leva o nome do braço filantrópico da academia responsável pela premiação, existe desde 1991 e foi concedido apenas a artistas do primeiro time da música mundial. Entre os nomes que já passaram por ali estão Stevie Wonder, Aretha Franklin, Neil Young, Paul McCartney, Bruce Springsteen e Bob Dylan, para citar apenas um quarto deles.
Como homenageado, Richie ganhou um tributo com performances de John Legend, Demi Lovato, Meghan Trainor, Luke Bryan e Tyrese. O músico, é claro, diz que foi “uma grande honra”. Ele falou à Gazeta sobre o que a homenagem significou e sobre como tem percebido os rumos da música pop.
Teatro Positivo – Grande Auditório (R. Prof. Pedro Viriato Parigot de Souza, 5.300), (41) 3317-3283. Dia 6 de março, às 20h30. De R$ 546 a R$ 966. Cota de meia-entrada esgotada. Últimos ingressos, à venda pelo serviço Disk Ingressos.
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Leia um trecho da entrevista exclusiva com Lionel Richie:
O que você achou do tributo no Grammy? Você gosta desse tipo de coisa?
Se eu gosto? Eu adoro. Eu me lembro da sensação de ir ao Grammy como um artista jovem. Todos aqueles grupos consagrados estavam lá.
Você não tinha nome e tinha dois, talvez três discos. Daí você pisca e, 35 ou 40 anos depois, vê um tributo com todas as suas canções. E percebe que está sendo aceito em uma fraternidade incrível onde todos apreciam a música que você escreveu.
Eu realmente me sinto honrado por ser homenageado pelos meus pares. Eles são o grupo mais difícil de agradar. Uma coisa são os fãs: eles gostam de você não importa o que faça e ficam com você por toda sua carreira. Mas conseguir que os seus colegas digam: “Cara, nós realmente gostamos da sua música” significa muito.
Como o prêmio afeta o seu trabalho que ainda está por vir?
Ele me dá mais incentivo para voltar ao estúdio e dizer “bom, vocês ainda não ouviram nada, esperem só até ouvir isso!” (risos).
Do ponto de vista da composição, só dá mais energia. Faz pensar: “Bom, agora que eu já resolvi esse lance do prêmio, vamos colocar isso de lado e começar alguma coisa nova, uma nova aventura. Então significa muito ter esse incentivo e voltar ao trabalho.
E não tem mais pressão, porque, se tudo der errado, é quase como começar de novo. Já tenho as músicas que tenho. Agora, posso ir em qualquer direção que quiser. E isso é muito divertido.
Você está olhando para alguma direção em particular?
É engraçado. Eu sempre disse que, se você ficar tempo suficiente nesse ramo, o negócio da música anda em círculos. Em outras palavras: a música dos anos 1980 e dos anos 1990 voltou a ser a música do momento. A música dos anos 1970 também.
Estão buscando melodias de novo. Já usamos todos os truques possíveis; o rap chegou e acabou com a melodia por cerca de 10, 12 anos. Agora os cantores estão voltando com melodias de verdade. E as pessoas querem cantar junto de novo. Há alguns cantores que são incríveis, mas você não consegue cantar junto com ele, só ouvi-los. Eu sei que tenho um hit quando o público consegue cantar a música melhor do que eu. Então, até onde eu sei, estou trabalhando em canções que as pessoas possam cantar melhor.
Quem você acha que está levando esse tipo de música adiante hoje?
Sempre reconheço o que The Weeknd está fazendo agora. Ou o que o Bruno Mars está fazendo. E a Adele. Posso dizer que esses são os novos melodistas do momento. Você sabe, os cantores-compositores-produtores. É como era antes, ao invés de apenas cantores.
Está neste ponto agora, em que o público se sente parte do processo. Quando você não pergunta apenas: “Você tem um hit?”, mas sim: “Por que você compôs esse disco?”. Claro, há muitos outros artistas vindo. Mas esses três se estabeleceram como grandes compositores e cantores.
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