A Banda Mais Bonita da Cidade: clone do Beirut| Foto: ANTONIO COSTA/Gazeta do Povo

5 de julho. Aniversário da Ovelha Dolly – primeiro mamífero a ser clonado com sucesso –, que nasceu em 1996, no Instituto Roslin, Escócia, e morreu em 2003. Mas o que isso tem a ver com cultura? Tudo, meu jovem. Na música, como na vida, nada se perde nada se cria, muito se copia. Inúmeros são os casos de bandas que vão além da saudável referência para se tornar verdadeiros clones de outras que às inspiraram. Conheça alguns dos casos mais notórios:

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Nirvana e Silverchair

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Quando três bons jovens de Seattle jogaram o Nevermind na cara do mercado fonográfico, muitos jovens trocaram os cabelos esvoaçantes e o glitter do glam metal pelos fios ensebados e camisas de flanela. Toda uma cena underground emergiu e, de uma hora para outra, a palavra de ordem passou a ser o “grunge”. O Nirvana, do carismático e caótico Kurt Cobain, estampava tanto capas de revistas especializadas quanto de tabloides sensacionalistas e a trágica morte do vocalista no “clube dos 27” só fez aumentar toda a mística em torno da banda. Nada mais natural que, mesmo depois do seu término, ela servisse de inspiração para uma infinidade de bandas em busca do mesmo sucesso meteórico.

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Mas teve uma em específico que foi além. No mesmo ano em que o Nirvana fazia uma apresentação histórica no VMA – com direito a “Rape Me”, proibida pela MTV, Cris Novoselic se ferindo na cabeça com o próprio baixo e Dave Growl perguntando onde estaria Axl Rose – nascia uma banda australiana com músicas grudentas e outro loirinho nos vocais. Embora os fãs apontem que ela diversificou seu som ao longo do tempo, o Silverchair bebeu tanto na fonte do grunge dos anos noventa que chegou a ser chamada de “pequeno Nirvana”. Dê o play e tire suas próprias conclusões:

Original:

Clone:

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Beirut e A Banda Mais Bonita da Cidade

Traçar essa relação “não é tão simples quanto pensa” mas ela está lá. Pegue a estética do clipe de “Oração” – que quase quebrou o YouTube com impressionantes 19 milhões de acessos – transformando a banda curitibana na mais yupie da cidade, e compare com o clipe de Elephant Gun. O que vemos são escolhas muito semelhantes pelo plano sequência, pelo uso de cores contrastantes dentro de um ambiente rústico, pelo refrão cativante densamente povoado de pessoas felizes.

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Clone:

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The Beatles e Oasis

Não é surpresa nenhuma que os irmãos Gallagher vivem (ou viveram) à sombra dos Quatro de Liverpool mesmo com todas as tentativas vãs de se provar maiores. Liam carrega até mesmo o nome de John e Paul no próprio documento de identificação.

A identificação na música também é enorme, embora a necessidade de afirmação dos discípulos tenha gerado momentos engraçados na imprensa como quando, em 1996, Noel afirmou em entrevista à MTV que Oasis era maior que The Beatles. Sir Paul McCartney, por sua vez, usou de toda a sua classe britânica para dizer que os garotos simplesmente não seguraram a onda depois da afirmação. Em entrevista a revista Q, McCartney disse que “o Oasis era jovem e fresco [...] mas o grande erro que eles cometeram foi quando disseram ‘nós seremos maiores que os Beatles’ [...] tantos já disseram isso e esse é o beijo da morte”, completou. Talvez o que falte sejam algumas honey pies (e outro punhado de talento).

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Djavan e Jorge Vercillo

Os dois até gravaram juntos a música “Final Feliz”, o que é verdadeiramente bonito. Mas (e sempre existe o ‘mas’) a parceria não impede as comparações, na verdade até as acentua. Tem até meme por aí dizendo que “Jorge Vercilo é um Djavan de soja”. Brincadeiras à parte, os dois têm em comum uma voz melodiosa emprestada a composições de um laborioso uso da língua portuguesa. Prova de que a clonagem pode ser bastante bem sucedida.

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Credence Clearwater Revival e Credence Clearwater... Revisited

A fórmula da clonagem é essa: faça um enorme sucesso com sua banda. Depois de um longo tempo aproveitando os louros do passado, de dizer adeus a companheiros de banda, crie um projeto “despretensioso” onde são revisitados clássicos da sua banda antiga. Detalhe: mantenha parcialmente o nome. Processo de clonagem concluído. Foi isso que Stu Cook e Doug Clifford , baixista e baterista originais da Creedence Clearwater Revival fizeram quando caíram na estrada para reviver seus dias de glória, em 1995. Completando a formação com John Tristão, Kurt Griffey e Steve Gunner, lançaram um disco ao vivo, o “Recollection: Live Album” (1995) e o “The Best of Creedence Clearwater Revisited (20th Century Masters - The Millennium Collection) (2006) - além de um disco natalino - a provando que as pretensões hoje são bem menos ambiciosas que a dos tempos de discos de platina, indução ao Hall da Fama do Rock, grandes festivais e discos essenciais para a história da música alcançados pela banda original.

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