A música, escrita em 2003 pelo americano Timothy Brock, é tocada em perfeita sincronia com o filme.| Foto: Jonathan Campos/Gazeta do Povo

A Orquestra Sinfônica do Paraná (OSP) apresenta neste domingo (8) e segunda-feira (9) mais um de seus bem-sucedidos “concertos filme”. Com regência de Stefan Geiger, maestro-titular recém-chegado à orquestra, o grupo vai tocar durante a exibição de “Marinheiro de Encomenda” (1928), do genial ator e diretor de comédias Buster Keaton. As sessões acontecem às 10h30 de domingo e às 20h30 de segunda, no Guairão.

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Esta é a terceira vez que a OSP faz uma apresentação neste formato – as anteriores também foram com Geiger, como convidado. Em 2012, eles apresentaram a trilha da pioneira animação alemã “As Aventuras do Príncipe Achmed” (1926). No ano passado, lotaram o Guairão para a apresentação do clássico “Metrópolis” (1927), de Fritz Lang. Como muita gente ficou de fora do teatro, o concerto desta temporada foi programado com duas sessões.

Filme

Para esta apresentação, Geiger recorreu a um de seus nomes favoritos do cinema mudo, que pesquisa há anos (entre as trilhas sonoras que regeu ao vivo está a de “O Encouraçado Potemkin”, de 1925).

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Concerto filme da OSP

Guairão (R. Conselheiro Laurindo, s/nº – Centro), (41) 3304-7982. Dia 8, às 10h30, e dia 9, às 20h30. R$20 e R$ 10 (meia-entrada).

Keaton (1895-1966), defende o maestro alemão, deveria ser tão conhecido quanto Charlie Chaplin – mas não teve tanto êxito quanto o colega para se manter no auge, o que prejudicou seu reconhecimento.

“Marinheiro de Encomenda” é um dos grandes filmes da fase de ouro do comediante americano. Para Geiger, reúne o que o comediante tinha de melhor. Primeiro, o senso de humor “frio” de Keaton, que era conhecido como “Cara de Pedra”. “Ele cria as situações mais engraçadas, mas você não o verá sorrir em nenhum filme”, conta o maestro.

Sem dublê

Depois, as façanhas inacreditáveis de Keaton, lembrado por executar, ele mesmo, manobras arriscadas.

É deste filme a famosa cena em que a fachada de uma casa desaba sobre o comediante, que sai ileso porque está exatamente no ponto em que passa pela pequena janela do sótão. O feito é real.

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Também é um dos filmes de Keaton em que muitas das situações são criadas de improviso, diz Geiger. “O filme se torna muito vivo. Quase dá sentir o quanto eles se divertiram fazendo as cenas”, diz.

“Marinheiro de Encomenda” também é uma história em que o personagem de Keaton traz uma mensagem que Geiger considera engrandecedora.

O protagonista do filme é o filho de um grandalhão e rústico capitão de um velho barco a vapor no Sul dos Estados Unidos. Ele recebe a visita do filho, que se tornou o oposto dele depois de se formar na faculdade, para a sua decepção – ele esperava que o rapaz o ajudasse a enfrentar o dono de um navio concorrente. Depois da sucessão de confusões que deve ter todo bom pastelão, as coisas se resolvem. “Não se trata só de um final feliz. Mas de perceber que ele consegue preservar seu próprio caráter até o fim”, diz Geiger.

Música para “Marinheiro de Encomenda” é recente

Diferentemente de “As Aventuras do Príncipe Achmed”, que tem música incidental Wolfgang Zeller (1893-1967), e de “Metrópolis”, que contou com composição original de Gottfried Huppertz (1887-1937), “Marinheiro de Encomenda” nasceu sem trilha sonora.

“Só alguns poucos grandes filmes, como ‘Metrópolis’ e ‘Achmed’, tinham o diretor e um compositor trabalhando juntos. Nos primórdios do cinema, em filmes menores – sobretudo comédias, como as de Chaplin e Keaton –, a música não era considerada importante”, explica o maestro Stefan Geiger.

A música que será apresentada neste domingo e segunda foi escrita em 2003 pelo americano Timothy Brock, compositor e maestro especialista em música para cinema mudo.

Segundo Geiger, composições mais recentes para filmes antigos são parte de uma espécie de redescoberta deste cinema a partir dos anos 1980, depois de um período de relativo esquecimento.

Trilha

A música de Brock para “Marinheiro de Encomenda”, de acordo com o maestro, é uma composição leve e engraçada, que “colore” a narrativa com citações de melodias famosas no imaginário coletivo e sonoridades típicas da época e do lugar em que se passa o filme (há um músico tocando banjo com a OSP neste concerto).

“Você ouve o banjo e se sente nos Estados Unidos”, descreve o maestro.

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