Era a primeira passagem do Pearl Jam por Belo Horizonte. Na estreia em território mineiro, com show realizado na noite de ontem (20) Eddie Vedder, vocalista, ativista e líder da banda, ergueu uma folha de papel com algumas anotações em português. Ali, diferentemente de todos os outros discursos realizados até aqui em solo brasileiro, não pregou a paz mundial. Pediu por justiça. Anunciou que o cachê recebido pela performance na capital mineira seria revertido em doações às vítimas da tragédia de Mariana, cidade histórica do estado, ocorrida em 5 de novembro.
Vedder também revelou que a banda pretende criar um fundo de assistência para aqueles atingidos pelo desastre do rompimento da barragem de Fundão, da mineradora Samarco, cuja água e lama destruíram o distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, afetou outras cidades próximas e chegou ao Rio Doce.
O Estado entrou em contato com a T4F, empresa responsável pela turnê do Pearl Jam pelo Brasil - que incluiu performances em Porto Alegre (dia 11 de novembro), São Paulo (dia 14), Brasília (dia 17), Belo Horizonte (dia 20) e Rio de Janeiro (a acontecer no dia 22) - e confirmou que os planos do grupo estão mantidos. Ainda não existem informações, contudo, de qual porcentagem do cachê do grupo será doado (ou se o valor será integral) e qual será a forma da doação.
Vedder, ao microfone, também pediu uma ação punitiva a todos os responsáveis pelo rompimento da barragem. E punições severas. “Acidentes tiram vidas. Destroem rios. E ainda assim, eles conseguiram lucrar. Esperamos que eles sejam punidos. Duramente punidos. E cada vez mais punidos. Para que nunca esqueçam o triste desastre causado por eles”, disse ele.
Em São Paulo, o discurso de Vedder foi direcionado às vítimas dos atentados em Paris, principalmente àqueles que estavam na casa de shows Bataclan, na noite de sexta-feira, 13 de novembro, responsável por matar mais de 120 pessoas e deixar 352 feridos, durante o show da banda Eagles of Death Metal. Na capital paulista, o Pearl Jam executou a música Imagine, de John Lennon, em um pedido por paz. Em Belo Horizonte, a canção foi dedicada às vítimas de Mariana.
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