Longe de ser uma das cidades mais lembradas por artistas internacionais quando mencionam o Brasil, Curitiba recebeu seu primeiro grande evento há pouco mais de duas décadas quando Sir Paul McCartney se apresentou na Pedreira Paulo Leminski para mais 35 mil pessoas. O ano era 1993, e a capital paranaense completava 300 anos de sua fundação.
De lá para cá, alguns shows entraram para o folclore da cidade, como as apresentações do Pearl Jam e Weezer em 2005. Entre histórias bizarras e inusitadas, separamos alguns momentos que entraram para a história da capital paranaense. Confira:
Nick Cave (1993)
Perdido nos anais da história, sabe-se apenas que a apresentação de Nick Cave no Brasil aconteceu em uma tarde de terça-feira, na Ópera de Arame, sem quaisquer registros fotográficos ou em vídeo. Em uma época ainda primitiva da internet, poucos fãs conheciam o autor de “Into My Arms” e “Red Right Hand”. Apesar disso, conta-se que a grande história foi o meio de transporte escolhido pelo músico: ele decidiu, por algum motivo, tomar o Interbairros II no centro da cidade, para chegar ao evento no Abranches. Reza a lenda que deu tudo certo.
Paul McCartney (1993)
O show do ex-Beatle é considerado a primeira grande apresentação internacional da história da cidade. Na esteira da New World Tour, o músico desembarcou na cidade em dezembro de 1993, ano em que a cidade completava 300 anos. 35 mil pessoas foram à Pedreira Paulo Leminski prestigiar um show histórico, com mais de 30 canções, majoritariamente extraídas do repertório dos Beatles e Wings, banda de apoio de Paul durante os anos 70. Não deu outra: a apresentação é relembrada até hoje por quem vivenciou o momento, se tornou um marco e uma homenagem está registrada em uma placa na própria Pedreira.
Ramones (1994)
Foi em uma noite de temporal que o Ramones subiu aos palcos da Pedreira, no dia 12 de novembro de 1994. Com abertura das bandas Viper, Raimundos e Sepultura, a apresentação prometia ser explosiva para os 28 mil fãs de punk rock e metal presentes. No repertório, o grupo liderado por Joey Ramone tocou clássicos dos seus mais de vinte anos de carreira, como “Pet Sematary” e “Teenage Lobotomy”. Houve espaço até para uma cover de “Have You Ever Seen The Rain”, do Creedence Clearwater Revival. Uma curiosidade relatada por quem presenciou os bastidores era justamente a insegurança em relação ao temperamento de Joey Ramone, que tomava remédios controlados. Mas reza a lenda que nada saiu de controle.
Bon Jovi (1995)
Em 1995 Bon Jovi era um dos artistas mais populares do planeta. Com canções estouradas nas rádios de todo o mundo (“Always” havia sido lançada naquele ano), o roqueiro norte-americano trazia uma bagagem considerável de baladas e um hard rock amparado na guitarra de Ritchie Sambora. O show na Pedreira teve início, no entanto, com uma cover: “Keep on Rockin’ in the Free World”, de Neil Young. Com roupas que remetiam mais ao estilo grunge de Kurt Cobain que às bandanas de Axl Rose, Jon Bon Jovi mostrou quase todo o repertório do disco “Slippery When Wet” e “These Days”, para alegria dos presentes na Pedreira Paulo Leminski.
AC/DC (1996)
A banda australiana mais pesada do mundo esteve na capital paranaense durante a turnê do disco “Ballbreaker”. E com um aparato que fazia jus a sua representatividade: antes de subir ao palco, um guindaste imenso arremessava uma bola de demolição, destruindo o cenário montado. No dia 11 de outubro de 1996, 30 mil pessoas lotaram a Pedreira Paulo Leminski para ouvir Angus Young e Brian Johnson, que não decepcionaram. De “Back in Black” a “Whole Lotta Rosie”, o grupo desfilou hits e mostrou porque até hoje é um dos grandes shows de rock do mundo. Chama a atenção também o valor do ingresso, na época: R$ 30, equivalente a R$ 55 atualmente. Bons tempos.
Offspring (1997)
Em sua primeira passagem pelo Brasil, o Offspring já era veterano: lançava o seu quarto disco de estúdio, “Ixnay on the Hombre”, e possuía pelo menos um punhado de hits, como “Self Esteem”, “Come Out and Play” e “All I Want”. Rivalizando com o Green Day na época, eles eram considerados os expoentes do New Punk californiano, um subgênero que sobreviveu no auge até o fim da década de 90. O show da banda na capital parananese ocorreu em 16 de agosto de 1997, na extinta casa Forum e, para a infelicidade dos fãs, é difícil encontrar algum registro do evento – banda voltaria a tocar na cidade dez anos depois, em 2008, dessa vez já sem o mesmo impacto.
David Bowie (1997)
Aconteceu. Em outubro de 1997, David Bowie trouxe a turnê de “Earthling” para a Pedreira Paulo Leminski, com direito a abertura das bandas No Doubt e Erasure no Close Up Festival. Com o auge da cultura rave na Europa, Bowie vinha com o aclamado álbum de nome homônimo ao da turnê. Como era de se esperar de um artista inquieto, foram poucos “clássicos” cedidos ao público: “Jean Genie”, “The Man Who Sold the World” e “Under Pressure” foram algumas das músicas mais conhecidas do grande público que Bowie tocou. O restante era baseado em “Earthling”. Mesmo assim, uma apresentação inesquecível para os presentes.
Iron Maiden (1998)
Blaze Bayley é figura registrada na cena roqueira de Curitiba, tocando quase todos os anos na cidade e tendo se apresentado pela última vez no Crossroads, em 2016. O leitor mais desavisado, no entanto, pode não saber que ele também era o vocalista do Iron Maiden na apresentação da banda na cidade, em 1998. Com um visual que destoava dos outros integrantes – cabeludos e de munhequeira – era claro que Blaze era um estranho no ninho dentro da banda, um pouco acima do peso e usando um boné virado para trás, com ares hardcore. Para os fãs do Iron, é senso comum que ele não substituiu Bruce Dickinson à altura e houve muita pressão para sua saída, que se consumou em 1999. Mas, como pode ser constatado pelo show disponível na íntegra no YouTube, o público do Skol Rock acolheu o músico.
Stereo Total (2003)
O Curitiba Pop Festival foi um dos grandes momentos da chamada cena alternativa da cidade no início da década passada. Foram dois dias com grandes nomes nacionais e internacionais se apresentando na segunda edição do evento, na Ópera de Arame: artistas como Otto, Nação Zumbi, Cachorro Grande, Breeders e Stereo Total. Aproveitando o momento, os músicos da banda se esbaldaram na noite curitibana, e contam relatos que terminaram a noite virando rodadas de “submarinos” no Bar do Alemão.
Breeders (2003)
Em 2003, o Breeders, grupo das irmãs Kelley e Kim Deal (também baixista do Pixies), foi escalado como uma das principais atrações do já citado Curitiba Pop Festival. Com renome na cena alternativa, a banda fez um show sem concessões, interagindo com a plateia e tocando as principais canções do grupo, como “Cannonball” e “Off You”. O que chamou a atenção, no entanto, foi encontrar as irmãs gêmeas no Madalosso, restaurante tradicional da cidade conhecido pela fartura. Durante horas, as irmãs aproveitaram a abundância do rodízio, que contava com frango, polenta, fígado e risoto. Ao menos é o que diz a lenda.
Pixies (2004)
Em 2004, já com o know-how de Kim Deal da culinária local, os fofinhos do Pixies vieram ao Pop Festival como principais atrações e fizeram um show memorável para 8 mil pessoas na Pedreira Paulo Leminski. Ao que parece, no entanto, a ânsia mesmo foi em reencontrar a culinária local: almoçaram na Napolitana Arena e, à noite, foram até o Água Verde comer hommus e kibe cru no tradicional restaurante Velho Oriente. Não bastasse tamanho conhecimento da cidade, o vocalista Frank Black foi a pé até a Feirinha do Largo comprar incensos, bolsas artesanais e comer pastel.
Mercury Rev (2005)
Talvez o nome mais ousado da nossa lista, o Mercury Rev veio à cidade como convidado exclusivo do Curitiba Rock Festival, que contava ainda com Raveonettes e Weezer, entre outros. O show do grupo, com um pé no rock psicodélico, seguiu as expectativas de completar o line-up e animou os cerca de 6 mil pagantes do evento, com um telão repleto de imagens submarinas, fotos de livros e filmes e mensagens de Kubrick, Hemingway e Saint Exupéry. Chamou mesmo a atenção, no entanto, a ida de um dos integrantes ao James Bar, na Av. Vicente Machado. Sem ser identificado, conta-se que o músico “pegou geral”, entre meninos e meninas.
Pearl Jam (2005)
Elogiado por muitos como o melhor show da história da Pedreira Paulo Leminski, a apresentação do Pearl Jam na cidade durou quase três horas e foi um desfile de hits da carreira do grupo, liderado por Eddie Vedder. Sempre descontraído, o músico interagiu muito com o público, estimado em 23 mil pessoas. Tomando vinho e com um português enrolado, Vedder cravou: “tocar no Brasil é uma das melhores coisas que nos aconteceu”. O ápice da apresentação, dentre muitos, foi quando Leandro, um fã da banda, foi convidado ao palco para acompanhar Vedder em “Yellow Ledbetter”, já ao final da apresentação. O Pearl Jam voltaria em Curitiba para um novo show em 2011, desta vez na Vila Capanema.
Weezer (2005)
Não bastasse apresentar todos os seus hits, o Weezer deu um show de simpatia na apresentação que fez durante o Curitiba Rock Festival. O vocalista Rivers Cuomo cantou “Island In The Sun” no meio do público, tocou bateria e até deixou o baixista Patrick Wilson assumir os vocais em “Photograph”. Inesperadamente, perto do fim do show, ele decidiu perguntar aos presentes se alguém sabia tocar violão, e convidou um fã para tocar “Undone (The Sweater Song)” junto com a banda. Sem decepcionar, o rapaz tocou a canção inteira e ganhou o privilégio de assistir ao restante do show diretamente do palco.
Oasis (2009)
Famosos por expor o que pensam, os irmãos Gallagher ainda conseguiam se manter no mesmo palco em 2009, ano da última turnê do Oasis pelo Brasil. Com quatro shows no país, Curitiba foi o palco da penúltima apresentação do grupo. O local, no entanto, não agradou nem um pouco Noel Gallagher: o estacionamento na Arena Expotrade. “Um show em um palco desmontável em um estacionamento nunca vai ser comparável ao barulho e cores de um estádio”, desabafou o músico no MySpace oficial do Oasis, que continham relatos diários da turnê “Dig Out Your Soul”. “Ainda assim, as apresentações foram ótimas. Poderiam ter sido melhores”, contemporizou o músico.
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