Cabes: quatro álbuns e doze anos como profissional do rap.| Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo

Para o rapper curitibano Cabes, chegou a hora e a vez do rap nacional falar às grandes massas.

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O compositor e produtor musical está lançando no começo de abril seu quarto álbum solo (o nome ainda é segredo) e vislumbra a chegada do melhor tempo para o gênero, baseado na aceitação maior de uma música cada vez mais vez mais aberta.

Veja o teaser “O Kit Faz Bag” , novo clipe de Cabes:

“O gênero hoje fala a mesma língua de seu público, que é libertário e questionador ao mesmo tempo. Então, hoje o rap não é só protesto: é também questionamento. É pergunta e resposta”.

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Cabes se refere à expansão do gênero nascido como “voz da periferia” que contava sua própria história, em tom de crônica e revolta, para algo “ilimitado”, em que todas as referências e temáticas são possíveis.

“O mundo tá ficando mais careta e o rap cada vez mais libertador. O rap hoje é uma coisa mutante. Antes era uma coisa mais quadrada. Hoje tudo pode. É isto que faz a coisa evoluir, crescer e andar”.

Aos 31 anos, Cabes não é o rapper padrão. Criado na região central de Curitiba, numa família de classe média baixa, estudou teoria musical e técnica vocal no Conservatório de Curitiba.

Suas rimas não falam de “tretas com a polícia”, mas da vida cotidiana nas cidades com um toque de filosofia contemporânea e valores como a busca da auto estima e do bem-estar e da participação política ativa.

“Eu não sou ‘treteiro’, sou suave. O mundo já tem muita gente problematizando as coisas. Quem são os caras que querem buscar soluções? É com esses que eu estou”.

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Rapper curitibano estudou teoria musical.
na pista do clube 351: auto -estima e não só protesto no rap nacional .
Cabes faz rap sem “problematizar”.
Cabes posa com seu instrumento.
chegou a hora do rap nacional mostrar seu valor.
“Não sou treteiro, sou suave”.

O caminho do rap

Cabes usa a gravação do próprio disco como exemplo de seu ponto de vista. Diferente dos seus três primeiros álbuns, neste ele usa “elementos orgânicos”; muito além da bateria eletrônica como músicos tocando instrumentos como flauta e guitarras. “Se o rap está se abrindo, todo mundo também pode”.

Sentindo que ainda faltava algo ao material que produziu em seu próprio estúdio, Cabes viajou por conta própria para os Estados Unidos.

Fez contatos e bateu na porta do Track Worxs, em Los Angeles ,onde finalizou a masterização do álbum com o produtor Justin Weis.

Da experiência de trabalhar no lugar sagrado para seu estilo de vida, diz ter descoberto que “a gente tá no caminho certo.”

“Há muito tempo escuto que o rap brasileiro está sempre dez anos atrás do que aconteceu nos EUA”, disse. Sem afirmar que é verdade, ele vê o gênero em um momento parecido ao que o cena americana viveu no início do século.

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“A gente está numa fase de romper barreiras, de se expandir. Lá já aconteceu: o rap é música de massa, é o maisntream. Agora é a vez de acontecer aqui. O rap vai chegar a todos os lugares. Basta ver o Criolo, o Emicida, a Karol Conka... Este é o caminho do rap.”

Skate quebrado

Aos 15 anos, quando o estudante Rafael Pires ainda não era o Cabes, ele quebrou ao meio o skate no qual costumava passar seus dias. Chegou a juntar dinheiro para comprar outro, mas preferiu comprar uma pequena bateria eletrônica para fazer seus próprios raps, música que escutava o tempo inteiro. “Fiz uma opção pela parada que era maior no meu coração”.

Sua história mudou no mesmo momento em que a indústria da música mudava, no começo dos anos 2000. “Sou de uma geração que, quando começou a se entender, já dispunha de tecnologia suficiente para produzir e gravar música em casa. Isso mudou tudo e assim começou esta onda”.

Cabes é profissional da música desde 2005. Já lançou três álbuns solo - “Todo Dia É Assim” (2009), “Pra Onde As Pessoas Vão” (2012) e “Revolução Constante, Evolução Permanente” (2013) - gravados no Track Cheio, estúdio, selo e produtora que criou em 2005 e que já lançou mais de 50 álbuns de diversos artistas.