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O rapper Projota: estilo ‘meio Mano Brown, meio Djavan’ | /Divulgação
O rapper Projota: estilo ‘meio Mano Brown, meio Djavan’| Foto: /Divulgação

O rapper Projota quer falar sobre compromisso sério enquanto o sertanejo e o pagode fazem sucesso com “músicas de solteiro”. Para isso, escreveu “Faz Parte”, que critica a era em que “ninguém se apega, só se pega”.

Mas também quer discutir a desigualdade social, o machismo, a Lava Jato e a tragédia de Mariana (MG), como em “O Portão do Céu”.

Um dos mais populares nomes da nova geração do rap, o paulistano leva o gênero, outrora marginalizado, à televisão e às mais tocadas das rádios com seu som “meio Mano Brown, meio Djavan” -como ele mesmo define.

A mistura pop está nos CD e DVD “3Fs”, que chegam nesta semana às lojas -na internet, estão disponíveis desde o início de junho.

O novo trabalho tem versões ao vivo das músicas de seu álbum de estreia, “Foco, Força e Fé”, lançado em 2014, canções mais antigas, além de quatro inéditas.

A ideia, ele explica à reportagem, é mostrar aos fãs recém-conquistados “a caminhada do Projota” -costuma falar na terceira pessoa.

“Se eu fosse esperar um novo álbum, não haveria mais esse espaço para essas músicas de cinco anos atrás.

Preconceito

Mas nem só de flores é o caminho entre seu rap e novelas da Globo -já emplacou cinco músicas em trilhas sonoras. No meio, há a resistência de alguns puristas do gênero.

No show que deu origem ao DVD, em janeiro no Espaço das Américas, em São Paulo, a estrela pop Anitta, que participa de “Faz Parte”, foi atingida por uma lata jogada da plateia.

“Que é isso, mano? Você canta romântico?”, cansou de ouvir. A rejeição, porém, diminuiu com o tempo, afirma. “Sim, eu canto romântico, mas canto política também. Falo do amor e do ódio. Aos poucos, as pessoas foram aceitando isso.”

3FS

ARTISTA: Projota

GRAVADORA: Universal Music

QUANTO: R$ 29,90 o DVD; R$ 21,90 o CD

As letras de protesto aliadas a frases melosas são herança do que ele cita como sua tríade de referência: Cazuza, Renato Russo e Chorão.

A parte mais engajada da produção é bem mais light se comparada ao discurso de outros rappers. O músico afirma não ter posicionamento político. Resume-se como um “brasileiro desapontado”.

“Hoje precisamos conversar mais e se atacar menos. É um dos papeis do hip hop fazer essa ponte”, avalia. “Às vezes me dá vontade de xingar, mas não vai adiantar. Acho que ainda existe uma forma diplomática de lutar por direitos e justiça.”

O racismo é tema recorrente. Se tivesse “a cara do Justin Bieber”, já teria conquistado muito mais, acredita. “Isso para mim é claro, até pela trajetória de outros artistas”, critica.

Nascido em Lauzane Paulista, zona norte da capital, Projota teve infância pobre, trabalhou como entregador e balconista e começou a compor aos 15 anos.

Hoje colhe os frutos do bom momento do hip hop, gênero ao qual se dedicam alguns dos nomes mais poderosos do pop, entre eles Kanye West e Jay-Z.

Em “Moleque de Vila”, que narra sua trajetória, sintetiza o que diz ser a “melhor fase” da carreira: “Aprendi fazer freestyle no busão/ Hoje é o mesmo freestyle/ Só que a gente faz no fundo do avião “.

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