Uma das maiores representações da música brasileira, o samba completa neste ano um século desde sua primeira gravação musical, datada de novembro de 1916. Na ocasião, a música “Pelo Telefone”, de Donga (1889-1974) e Mauro de Almeida (1882-1956), estourou e fez o país todo abrir os olhos para um ritmo que começava no Rio de Janeiro, com batuques e letras fortes.
De acordo com sambistas de renome, o estilo foi o mais importante de todos os tempos, até mesmo para gerar outros ritmos, como a bossa nova, a MPB e o samba-rock.
“O samba foi quem iniciou as referências que esses segmentos levam em suas características. Foi o embrião de tudo”, diz Osvaldinho da Cuíca.
Para Leci Brandão, o gênero só se fortaleceu por conta da persistência. “Antigamente, era diferente. No começo, tudo era mais difícil. Ao longo dos anos, o samba foi abrindo espaço, mostrando a que veio.”
Segundo Martinho da Vila, o ritmo, antes estereotipado, hoje se fortaleceu. “Está consolidado, com bastante ajuda do Carnaval. Atualmente, o samba se mistura a ritmos diversos, e existe mais liberdade de criação”, revela.
É o que também pensa o escritor, músico e especialista em samba Luís Filipe Lima. Para ele, o samba de 1990 para cá continua seguindo tendências antigas, mas conseguiu inovar. “Principalmente a geração que surgiu forte a partir dos anos 1980, com Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz e Fundo de Quintal (leia mais abaixo). São artistas que continuam atuais”, avalia.
Segundo ele, a importância do samba para o Brasil se confunde com a própria história do país. “Aconteciam revoluções no Brasil e também no samba. Podemos traçar um paralelo. Na última década do século 19, por exemplo, ocorreu uma forte migração de nordestinos para o Rio. Eles vinham tentar a sorte na cidade grande. Com isso, surgiram na época muitos compositores que ajudaram a alavancar o samba.”
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