Vejo Andrea Bocelli como um caso mercadológico, como André Rieu – embora o tenor italiano seja menos apelativo que o violinista holandês, inclusive porque não poderia participar de uma encenação, por suas próprias limitações.
Não se trata exatamente de algo que vá popularizar a ópera. É apenas uma questão de marketing: viram nisso uma forma de se ganhar muito dinheiro através de um nicho de consumo formado por pessoas que gostam de uma música mais sentimental, tanto popular quanto ópera.
Mesmo Os Três Tenores, que reuniu Plácido Domingo, José Carreras e Luciano Pavarotti nos anos 1990, não era aquelas coisas. E Bocelli está muito abaixo deles, apesar de ter um belo timbre de voz. Ao menos Carreras, Domingo e Pavarotti tiveram trajetórias respeitáveis como cantores líricos. Só no fim da carreira é que resolveram fazer festa.
Bocelli, por outro lado, é só isso. Sua principal diferença para os demais cantores líricos é que, quando canta árias – que são as peças avulsas de uma ópera –, o faz sempre fora de contexto, em versão de concerto. Bocelli nunca interpretou os papeis operísticos.
É uma música lírica superficial, baseada em um sentimentalismo italiano exagerado, que mistura canções tradicionais com árias de óperas. E as pessoas se comovem com os seus excessos, ainda mais em um país como o Brasil, com uma cultura tradicionalmente sentimentalista.
Como a ópera é uma manifestação inerente, arraigada na música italiana, há uma tradição forte de se cantá-la com vozes líricas. Bocelli é um produto desse meio e o canto lírico italiano é o seu universo.
Porém, ele canta tudo do mesmo jeito. Não há refinamento de interpretação no que faz. Ele canta mais ou menos dentro do que sua extensão permite. Bocelli faz o que pode e o que o mercado demanda.
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